O caminho para a Oi (OIBR3; OIBR4) voltar ao azul após a recuperação judicial anunciada em 2016 continua encontrando obstáculos. A tentativa de se reerguer financeiramente, que passa pela venda de ativos, precisa passar pela reunião do Conselho de Administração.
Além disso, o Conselho de Administração da Oi, que negocia a venda de ativos com a Telefônica Vivo (VIVT4) e Tim Brasil (TIMP3), precisa ser ratificado por uma nova assembleia de credores, segundo o jornal “Valor Econômico”.
“Quando você fala de Oi, não existe a Oi Móvel, a Oi Fixa. Foi votado [na assembleia de credores, no final de 2017] que a dívida toda está consolidada em todos os CNPJs, existe uma amálgama única de dívida”, disse uma fonte.
“Teria de haver uma assembleia que votasse contra essa consolidação, no desmembramento e na retalhação da dívida. E, após isso, você votaria um possível desfazimento da operação móvel, nesse contexto”.
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Entretanto, a consolidação da dívida do Grupo Oi está distante de ser unanimidade entre juristas especializados em recuperação judicial.
“A consolidação se deu para efeitos da aprovação da recuperação judicial e do plano de recuperação. O que vem depois faz parte da operação normal da empresa”, declarou um especialista do setor privado, experiente no assunto.
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Segundo ele, o caminho será a apresentação de uma proposta de venda dos ativos à Justiça, mas sem a necessidade de uma nova assembleia. “O papel dos credores acabou, em sentido amplo, com a aprovação do plano”, afirma.
AT&T estaria interessada na Oi
A possível aquisição da Oi pela AT&T passou a ser especulada no mercado após a visita do CEO da gigante estadunidense, Randall Stephenson, se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro, além de ministros e deputados, no final de agosto.
À época, o jornal “O Estado de S.Paulo” afirmou que na reunião, o executivo declarou que o interesse da norte-americana na empresa brasileira era concreto.
A AT&T, que pretende comprar o conglomerado Time Warner, enfrenta problemas no Brasil. A Lei nº 12.485/2011 (Lei do Serviço de Acesso Condicionado – SeAC), impõe um limite à participação acionária entre produtoras e distribuidoras de conteúdo.
Plano estratégico
O planejamento da Oi divulgado em julho projeta uma captação de R$ 6,5 bilhões a R$ 7,5 bilhões com a venda de ativos não essenciais para a companhia.
Esse montante entraria para o caixa da empresa entre o final de 2019 e o primeiro trimestre de 2021, de acordo com o documento divulgado.
O ativo mais relevante em termos financeiros que está à venda é a participação de 25% que a Oi detém na operadora angolana Unitel. A fatia equivale a US$ 1 bilhão (R$ 4,17 bilhões, pela cotação atual).
A dona de outros 25% da Unitel, a petroleira Sonangol, também angolana, é a possível compradora da fatia da Oi. A Sonangol, inclusive, já diz possuir o financiamento necessário para o negócio.
Em fato relevante divulgado na última segunda-feira (23), a Oi reiterou que “tem dedicado foco especial ao plano de venda de ativos non-core [não essenciais] e à geração de liquidez de curto prazo”, mas a companhia também estuda outras alternativas para financiar seu plano de investimentos.