Fed: Juros devem continuar subindo, mas ritmo de altas vai diminuir; entenda por quê
Os dirigentes do Fed (Federal Reserve) avaliaram que serão apropriadas mais altas nas taxas de juros para controlar a inflação nos Estados Unidos até atingir a meta desejada de 2%. A informação foi divulgada nesta quarta (17) na ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), sobre a reunião do último dia 27 de julho.
A inflação deve seguir em nível “desconfortável”, ainda que com poucos indícios de melhora gradual, segundo os membros do comitê de política monetária. Em julho, a inflação nos EUA subiu 8,5%.
Na ata de sua última reunião de política monetária, os dirigentes do Fed também apontam que será “adequado” manter um nível restritivo na política “por algum tempo”, a fim de garantir que a inflação retorne à meta de 2%.
Mais adiante, porém, consideram que será possível reduzir o ritmo das altas, aponta o documento.
Os dirigentes também enfatizaram, na última reunião, a importância de responder aos indicadores, em cada uma de suas decisões.
De qualquer modo, o Fed nota que o mercado ainda espera um aperto “significativo” da política monetária nas próximas reuniões.
“Os dirigentes julgaram que, conforme a postura da política monetária é mais apertada, deve ser apropriado em algum momento diminuir o ritmo das altas de juros, enquanto se avaliam os efeitos dos ajustes cumulativos na política sobre a atividade econômica e a inflação”, diz a ata.
Para alguns dos dirigentes, uma vez que os juros tenham atingido “nível suficientemente restritivo”, deve ser apropriado manter aquele nível “por algum tempo para garantir que a inflação esteja firmemente no caminho para voltar aos 2%”, segundo o documento.
O mercado estima que a próxima alta deve ser de o,5 ponto percentual.
Fed: inflação nos EUA em nível desconfortável por ‘algum tempo’
Os dirigentes do Federal Reserve avaliam que a inflação deve seguir alta em um nível desconfortável por “algum tempo”. A avaliação está na ata da reunião de política monetária mais recente do da instituição, publicada nesta quarta-feira, 17.
“Os dirigentes observaram que a inflação permaneceu inaceitavelmente alta e bem acima da meta de longo prazo de 2%. À luz da leitura alta do CPI para junho, os dirigentes ainda notaram que a inflação do PCE provavelmente teria aumentado ainda mais naquele mês. Eles também concordaram que as pressões inflacionárias eram de base ampla e havia pouca evidência até o momento de que as pressões inflacionárias estavam diminuindo”, diz o texto, ao mencionar o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e o índice de preços de gastos com consumo (PCE), este a medida de inflação preferida do Fed.
Ainda segundo o documento, os membros do BC americano notaram que a guerra na Ucrânia e os eventos relacionados estavam criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e pesando sobre a atividade econômica global.
Por outro lado, os bloqueios contra a covid-19 da China afetaram as cadeiras de suprimentos “modestamente”.
Já os gargalos de oferta continuam a pressionar os preços, sendo que houve sinais de melhora gradual.
Diante desse cenário, os dirigentes ressaltaram que estão bastante atentos aos riscos para a inflação. “Eles esperam que o adequado fortalecimento da política monetária e um eventual alívio dos desequilíbrios de oferta e demanda trariam a inflação de volta a níveis consistentes com o objetivo de longo prazo do Comitê e manteriam as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas”, traz o documento.
Entre os participantes do mercado, pareceu haver uma moderação da inflação. No entanto, os investidores parecem estar cada vez mais atentos aos riscos de baixa para a economia, à luz de choques externos e das contínuas surpresas ascendentes da inflação, aponta a ata.
Já o staff considerou que os riscos para a projeção de inflação estavam voltados para cima, dadas as persistentes surpresas ascendentes observadas nos dados de inflação.
Fed teme “desancoragem”
Os membros do Fed ressaltaram a importância da expectativa de inflação sobre o comportamento real da inflação, com receio de que sua hesitação pudesse piorar o cenário.
Portanto, a política restritiva seria essencial evitar uma “desancoragem” das expectativas de inflação.
Além disso, o banco central norte-americano destacou a dependência de suas decisões dos indicadores econômicos, ainda que a política restritiva auxilie caso a inflação suba mais do que o esperado, e o Fed esteja melhor posicionado para elevar as taxas de juros ainda mais.
Entretanto, grande parte dos membros afirmaram existir um risco de que o Fed eleve os juros mais do que o necessário para segurar a inflação. Portanto, é importante que o Fed se atente aos indicadores.
O mercado, entretanto, ainda espera uma alta parecida com a última nas taxas de juros dos Estados Unidos, entre 0,50 pontos percentuais e 0,75 p.p.
Cenário econômico
Os membros da reunião do Fed descartaram que quedas nos preços da gasolina ajudarão a manter as taxas de inflação mais baixas no curto prazo.
Os participantes se demonstraram satisfeitos com o aumento de 75 pontos-base em julho.
Entretanto, no mês de julho, o Fed observou que haviam “pequenas evidências” de que a inflação estava reduzindo.
Além disso, informações na ata sugeriram que o PIB (produto interno bruto) real dos Estados Unidos havia diminuído ao longo do primeiro semestre de 2022. Mas, os membros afirmaram que o mercado de trabalho americano está sugerindo atividade econômica mais forte, o que auxilia a possibilidade de revisão do PIB para cima.
Alta do emprego deve desacelerar mais e reduzir pressão sobre salários, diz Fed
Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) consideram que, com condições financeiras mais apertadas e uma moderação no avanço da demanda agregada, o crescimento do emprego “deve desacelerar mais adiante”. Segundo eles, isso deve ajudar a equilibrar melhor a demanda e a oferta por trabalho, além de reduzir as pressões de alta sobre o salários nominais, o que por sua vez ajudará a inflação à retornar à meta de 2%. A avaliação está na ata da mais recente reunião de política monetária do Fed, publicada no período da tarde desta quarta-feira, 17.
Para vários dos dirigentes, a moderação nas condições do mercado de trabalho pode demorar mais, em comparação com a desaceleração na atividade econômica.
Os dirigentes consideram que essa moderação nas condições do mercado de trabalho deve incluir um recuo no número de vagas abertas, bem como uma “elevação moderada no desemprego, da taxa bastante baixa atual”.
A ata ainda aponta que dois dos dirigentes disseram na reunião que as empresas estão interessadas em manter pessoal, um fator que pode limitar a alta nas demissões associada à desaceleração no mercado de trabalho.
Na avaliação do Fed, os ganhos de empregos “seguem robustos nos últimos meses”, com a taxa de desemprego continuando em nível baixo, enquanto a inflação segue “elevada”.
Para os dirigentes, o mercado de trabalho continua forte, com taxa de desemprego “muito baixa” e um crescimento elevado do salário nominal.
Segundo o BC americano, muitos dirigentes comentaram que há sinais preliminares de uma desaceleração na perspectiva para o mercado de trabalho, entre eles altas nos pedidos de auxílio-desemprego, redução nos níveis de demissão e cargos vagos, crescimento menor da geração de vagas que mais cedo neste ano e relatos de menos contratações em alguns setores. O crescimento do salário real, porém, segue “forte” segundo uma série de medidas, diz a ata.
Priscila Alves, especialista em finanças e sócia da BRA comenta: “A ata foi bastante dovish em diversos pontos. Jerome Powell (presidente do Fed) menciona riscos de um aperto monetário maior do que o necessário dado a defasagem do impacto entre as altas do juro e a contração econômica. Além disso, Powell diz que o ritmo de aumento de juros está demasiadamente alto o que endossa o entendimento de mercado de que o ritmo de novas altas deve diminuir ao longo das próximas reunião.”
Ela acrescenta: “A grande dúvida agora é no mercado de trabalho (inflação de salários). Ele é o grande responsável pelas pressões inflacionarias recentes. Até as cadeias de produção que ficaram disfuncionais na pandemia estão se normalizado, contribuindo para uma desaceleração no preço dos bens industriais.”
Reação do mercado
Nesta terça-feira, após a divulgação da ata do Fed, no fechamento das bolsas de Nova York, o Dow Jones caiu 0,50%, o S&P 500 cedeu 0,72% e a Nasdaq recuou 1,25%. O Ibovespa fechou em alta 0,17% aos 113.707,76 pontos, após oscilar entre 112.482,58 e 114.146,23.
Com informações do Estadão Conteúdo