A Ata do Copom, divulgada na manhã desta terça-feira (9), revela que o Banco Central (BC) deve manter a Taxa Básica de Juros, a Selic, em patamar elevado por um período “suficientemente longo”.
Esta Ata do Copom é referente à última reunião da Comitê de Política Monetária, do dia 3 de agosto, que elevou a Selic para 13,75% ao ano.
O BC destaca, na ata, que “dada a persistência dos choques recentes”, a postura monetária deve seguir “vigilante” e avaliar “se somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo assegurará tal convergência”.
“Essa estratégia foi considerada a mais adequada para garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos, ao mesmo tempo que reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário”, disse o comunicado do BC.
O documento cita os indicadores recentes de crescimento econômico e a retomada dos indicadores de emprego.
“Tanto os indicadores referentes à contratação de emprego formal quanto as taxas de ocupação e desocupação sugerem uma normalização rápida dos setores intensivos em trabalho após a pandemia [de covid-19]”, diz o BC.
Além disso, a autoridade monetária frisa que, na projeção do Boletim Focus, o IPCA deve ser de 7,2% neste ano, 5,3% em 2023 e 3,3% no ano de 2024.
Na última leitura do indicador, divulgada também na manhã desta terça (9), o índice mostra retração de 0,68% no mês de julho, deixando o acumulado de 12 meses em 10,07%, ante 11,89% registrados na leitura referente a junho.
Ata do Copom ‘não trouxe novidade’, diz especialista
“A Ata não trouxe nenhuma novidade no que diz respeito ao discurso do Banco Central. A ata só ratificou algo que o comitê já vinha falando há bastante tempo, então não houve alteração de tom. O BC continua preocupado com a escalada da inflação global e postura dos bancos centrais das principais economias. Segue preocupado com escalada de preços internamente”, comenta Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.
O especialista destaca que a postura na política monetária revela que a condução do BC deve seguir em um ambiente ainda mais restritivo e também cita a manutenção de taxas altas por mais tempo.
Na sua análise, o BC ‘deixou bem explícito que haveria ajuste de menor magnitude sugerindo alta de 0,25%’.
Muito provavelmente o BC vai terminar o ciclo de alta na próxima reunião. Se os indicadores de atividade melhorarem, devemos seguir com taxa prolongada por mais tempo. Ata só ratifica mesmo o discurso que já vinha adotando.
Outro destaque é que eles afirmaram estar atentos para as medidas fiscais e os efeitos sobre a inflação. Além disso, observam a retomada no mercado de trabalho mais forte do que era esperada pelo Comitê.
A Nova Futura Investimentos destaca que a Ata sinaliza que os indicadores macroeconômicos convergem para uma redução da inflação.
“Em nossa visão, a mensagem da ata confirma que o Copom não visualiza um tradeoff favorável entre atividade e inflação, com o BCB optando por migrar a estratégia de ‘subir a Selic até a inflação convergir à meta’ para ‘manter a taxa Selic alta por tempo elevado”, diz.
A casa também aponta que, apesar sugerir uma alta residual na reunião do Copom de setembro de 2022 e declarar que seguirá vigilante com a inflação dos próximos meses, “o Copom elevou bastante a barra para uma alta na próxima reunião”.
“A estratégia de ‘manter a taxa Selic alta por tempo elevado’ e a perspectiva de queda da inflação nos próximos meses nos sugerem que há argumentos suficientes para o Copom manter a taxa Selic na próxima reunião”, afirma.