Após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), ou Ata do Copom, revelar nesta terça-feira (27) que a maioria dos diretores do Banco Central queria sinalizar o início de um corte moderado de juros na próxima reunião, em agosto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou que o documento deixa claro que o governo está no caminho certo com as medidas fiscais que vem sendo adotadas.
“Há uma sinalização clara de boa parte da diretoria de que os efeitos de uma taxa de juros elevada produziram os resultados e de que o risco fiscal está afastado. Isso é o mais importante. O Brasil está em uma trajetória fiscal sustentável e, portanto, a harmonização da política fiscal com a monetária deve acontecer brevemente”, afirmou o ministro.
Haddad destacou que o item 19 da ata é o “mais importante” para a equipe econômica.
Nesse parágrafo da ata, o Copom destacou que a avaliação predominante do colegiado foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião.
Já um grupo minoritário do Copom preferiu manter a cautela até observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo.
“Penso que há um consenso em relação à trajetória próxima das taxas de juros. Ficou claro que estamos no caminho certo e eu penso que é preciso, em virtude da desaceleração de crédito acentuada no Brasil, considerar o esforço do governo”, acrescentou Haddad.
Ata do Copom: divergências no comitê e próximos passos cautelosos marcam decisão sobre taxa Selic
Na Ata do Copom acerca da decisão de manutenção dos juros em 13,75%, o Banco Central diz que vai manter a taxa no patamar atual “até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
Além disso, a Ata do Copom mostrou divergências sobre os próximos passos da política monetária do Brasil.
O comitê destaca que já há consenso para “um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.
Contudo ainda há um grupo de diretores que é mais conservador e que enfatizou que o processo de desinflação ainda é fruto de núcleos que são voláteis dentro do indicador oficial.
O grupo pede mais cautela e reancoragem das expectativas.
“Entretanto, os membros do Comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
“Nesse contexto, o Comitê reforça que decisões que induzam à reancoragem das expectativas e que elevem a confiança nas metas de inflação contribuiriam para um processo desinflacionário mais célere e menos custoso, permitindo flexibilização monetária”, segue a Ata do Copom.