Ata do Copom diz que aperto monetário ainda não teve efeito e indica nova alta da Selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) avaliou o cenário inflacionário global e do Brasil em sua última reunião, e considerou que os fatores de risco vem de ambas as direções. Com isso, a sinalização de uma alta menor do que 1 ponto percentual da taxa básica de juros para a próxima reunião foi considerada “a mais adequada”, diz a ata do Copom divulgada nesta terça-feira (10).
Após suas considerações, os membros do Copom concluíram que “tal estratégia foi considerada a mais adequada para garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos. Ao mesmo tempo em que reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário.”
Na semana passada, o Copom elevou a taxa básica de juros do Brasil para 12,75%, em meio a uma inflação indicada pela prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA-15, de 12,03% em 12 meses.
A elevação da Selic em 1 p.p. colocou a taxa de juros no maior nível em cinco anos – desde fevereiro de 2017, quando a Selic estava em 13%.
Segundo a Ata do Copom, o ciclo de aperto monetário feito até aqui “foi bastante intenso e tempestivo” e, devido às defasagens de política monetária, eles avaliam que “ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado bem como seu impacto sobre a inflação corrente”.
Novo aumento da Selic
Segundo o Banco Central, diante das projeções para a inflação e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos,
“é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”.
O Comitê enfatiza na Ata que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas para os próximos anos. Com isso, para a próxima reunião eles reiteram a sinalização de um “aumento de menor magnitude“.
“O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação”, diz a Ata do Copom.
Como cenário de referência, a Ata indica os números do último relatório Focus, que apontam a taxa Selic ao fim de 2022 em 13,25%, caindo para 9,25% ao fim de 2023. Para as projeções de inflação, a referência é um acumulado de 73% para 2022 e 3,4% para 2023.
Riscos sinalizados pelo Copom
Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação sinalizados pelo Copom em sua Ata, os membros do Comitê destacam os seguintes:
- uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e
- a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país, parcialmente incorporada nas expectativas de inflação e nos preços de ativos.
Já as expectativas de baixa na alta dos preços são avaliadas nos seguintes cenários:
- uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local; e
- uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada.
“O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos. (…) há grande incerteza sobre o comportamento futuro dos preços de commodities em Reais, como reflexo da guerra na Ucrânia e da retomada das economias no pós-pandemia”.
Calendário do Copom em 2022
A próxima reunião do Copom será nos dias 14 e 15 de junho de 2022. O calendário dos encontros neste ano é o seguinte:
- 1º e 2 de fevereiro
- 15 e 16 de março
- 3 e 4 de maio
- 14 e 15 de junho
- 2 e 3 de agosto
- 20 e 21 de setembro
- 25 e 26 de outubro
- 6 e 7 de dezembro
As atas do Copom são publicadas às 8 horas das terças-feiras seguintes às reuniões do comitê.