Ata do Copom: o que esperar da Selic para o fim de 2023?
Conforme analistas, a Ata do Copom divulgada na manha desta terça-feira (8) mostra que o ritmo adotado pela autoridade monetária tem sido adequado e deve sinalizar um norte de como o Banco Central (BC) vai se comportar até o fim do ano.
O mercado financeiro, aliás, cortou as projeções da Selic terminal para 2023, saindo de 12% para 11,75%, segundo o Boletim Focus divulgado na véspera. Para o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, a Ata do Copom reafirma essa projeção.
“A ata indica que o comitê, como um todo, parece convicto de que o ritmo de 50 p.b. estabelecido na semana passada é o adequado. O texto estabelece uma barra relativamente alta para a aceleração do processo de flexibilização, o que exigiria uma reancoragem mais forte das expectativas, uma ampliação mais acentuada do hiato do produto ou uma inflação de serviços substancialmente menor”, analisa.
“Com base nesta comunicação, e no fluxo de dados esperado, mantemos a projeção de que a Selic encerrará o ano em 11,75% a.a., mas não se pode descartar uma flexibilização mais rápida, principalmente no final do ano”, acrescenta.
Segundo a casa, o Copom indica que espera manter a taxa Selic em território contracionista ao longo do ciclo, sustentando a visão de que o nível terminal de juros pode ser abaixo de 10,00% a.a., mas não muito além disso.
O Bank of America (BofA) destacou que a ata mostrou um “consenso em manter o ritmo de flexibilização em 50 pontos base por reunião”, em linha com as expectativas da casa.
“O conselho vê uma baixa probabilidade de cortes maiores nas taxas, já que um ritmo mais rápido de flexibilização exigiria uma melhora adicional na inflação. Em comparação com a declaração, acreditamos que as atas foram neutras e ambas foram o mais agressivas possível, ao mesmo tempo em que entregavam um corte de 50 p.p.”, analisa.
Os especialistas chamaram atenção para o fato de que 5 dos 9 membros do conselho votaram a favor do corte maio
Como pontos-chave da reunião, a casa destacou que:
- O cenário externo permanece incerto, com destaque para o núcleo da inflação e desaceleração gradual em muitos países
- O sinal entre as autoridades monetárias internacionais é de uma taxa de juros mais alta por mais tempo
- A força do mercado de trabalho é vista como moderada por alguns membros, embora todos concordem que não há pressões inflacionárias nas negociações salariais
- A acomodação do setor de serviços tem ocorrido nos últimos meses, com ritmo de crescimento da atividade em linha com as expectativas do comitê
Ata do Copom é “hawkish”?
O economista chefe da Constância Investimentos, Alexandre Lohmann, destacou que considerou o tom do Copom “hawkish” no documento divulgado nesta terça (8).
“Na ata, buscando explicar uma decisão dividia, o Copom reconhece que “houve clara melhora nos índices de inflação cheia”, mas ponderando que existe risco para o futuro, como El Niño – parcialmente integrado no cenário – e a recente alta dos preços da energia”, analisa.
“Enfim, a Ata do Copom mostra que o comitê julga pouco provável uma intensificação do ritmo de corte para um valor superior a 0,75, e que tal decisão necessitaria de um nível importante de surpresas positivas. Dessa forma, esse compromisso lembra o forward guidance do segundo semestre de 0,25%, mas com o comprometimento de corte em um ritmo controlado de 0,50p.p.”, completa