De acordo com a ata do Copom divulgada na manhã desta terça-feira (24), a incerteza global e os movimentos abruptos do câmbio são fatores que demandam maior cautela na condução da política monetária no Brasil.
No documento da última reunião, que elevou a taxa Selic para 10,75%, o Copom ressalta que a volatilidade da taxa de câmbio, em resposta às mudanças no cenário doméstico e internacional, assim como o ambiente desafiador externo, marcado pela inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos e pela postura mais cautelosa do Federal Reserve (Fed), aumentam as dúvidas sobre o ritmo de desaceleração da economia global e a desinflação.
Tal contexto, segundo o comitê, exige uma política monetária mais cuidadosa por parte do Banco Central brasileiro, especialmente em função das repercussões desses fatores sobre a dinâmica inflacionária interna.
Além disso, o Copom destacou que, internamente, a economia brasileira vem apresentando maior dinamismo do que o esperado, com indicadores de atividade econômica e mercado de trabalho mais aquecidos, o que levou a uma reavaliação do hiato do produto para o campo positivo. A inflação, medida pelo IPCA e outras métricas subjacentes, também se encontra acima das metas estabelecidas, segundo o BC.
Vale destacar que a expectativa de inflação para os próximos anos, segundo o boletim Focus, está em torno de 4,4% para 2024 e 4,0% para 2025, acima do desejado, o que reforça a necessidade de uma política monetária mais contracionista, com uma Selic mais elevada, segundo o comitê.
Um ponto que mereceu atenção na última decisão do Copom foi o fato de que, horas antes, o Fomc havia cortado os juros nos Estados Unidos. Sobre essa questão, o comitê ressaltou que, embora haja uma inter-relação entre as políticas monetárias externas, como a dos EUA, e os países emergentes, não há uma vinculação mecânica entre a condução da política monetária americana e a determinação da taxa de juros no Brasil.
A ata do Copom reforçou que a estratégia continuará focada nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a inflação interna. Assim, os próximos ajustes da Selic seguirão pautados pelo compromisso de convergência da inflação à meta, observando a evolução dos componentes sensíveis à atividade econômica e as projeções inflacionárias.