Na última quarta-feira (06), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano, em resposta às pressões inflacionárias e à necessidade de uma postura monetária mais contracionista. E de acordo com a ata do Copom divulgada nesta terça-feira (12), o aumento visa reforçar o compromisso do comitê com a convergência da inflação à meta.
No documento, o Copom destaca que a evolução da taxa Selic dependerá da dinâmica da inflação, especialmente em setores mais sensíveis à atividade econômica, projeções de inflação, expectativas do mercado e o equilíbrio de riscos.
O Copom enfatizou que a resiliência da atividade econômica e o vigor do mercado de trabalho, além de uma política fiscal expansionista e crescimento no crédito às famílias, mantêm o consumo e a demanda agregada aquecidos, o que torna o controle inflacionário mais desafiador.
No entanto, apesar de alguns sinais incipientes de moderação em indicadores de comércio e rendimentos, o comitê afirma que esses dados ainda não configuram uma inflexão significativa na trajetória do mercado de trabalho ou do crescimento.
No cenário internacional, o comitê apontou que as políticas fiscais adotadas em diversos países impulsionaram a demanda após a pandemia, mas o espaço para novas expansões está limitado pelo aumento da dívida pública e pela necessidade de sustentabilidade fiscal.
No Brasil, o Copom ressaltou a importância de uma política fiscal sustentável, o que ajudaria a ancorar expectativas de inflação e reduzir prêmios de risco. A menção específica à necessidade de sustentação das regras fiscais é uma novidade neste documento.
Em relatório, o Itaú afirma que o comitê indicou que as autoridades podem prolongar o ciclo de aperto monetário se as expectativas de inflação continuarem a se deteriorar e sinalizou que a manutenção de um ritmo de 50 p.b. é apropriada, considerando as condições econômicas atuais e as incertezas prospectivas.
“Portanto, o comitê parece inclinado a manter o ritmo atual de aperto, por enquanto. No entanto, em nossa visão, há chances de que as condições econômicas e expectativas de inflação – que dependem de importantes decisões fiscais à frente – possam exigir uma aceleração do ritmo em breve”, diz o Itaú.
O Copom também compartilhou suas projeções de inflação, prevendo que o IPCA alcance 4,6% em 2024, ligeiramente acima do teto da meta, e 3,9% para 2025, o que considera aumentos nos preços livres e administrados, a trajetória de juros indicada pelo relatório Focus e a manutenção da bandeira amarela de energia elétrica no final de 2024 e 2025. A estimativa para o IPCA até o segundo trimestre de 2026 é de 3,6%, acima da meta de 3%.
No mercado, há uma expectativa majoritária de que a Selic suba mais 0,5 ponto em dezembro, encerrando o ano em 11,75%, embora algumas instituições considerem possível um aumento maior, de até 0,75 ponto.
A decisão, de acordo com a ata do Copom, reflete o contexto desafiador e a necessidade de uma política monetária ajustável às condições econômicas, reforçando a importância de um monitoramento contínuo para garantir o cumprimento das metas inflacionárias no médio prazo.