A assessoria de imprensa da Vale (VALE3) desautorizou o advogado Sergio Bermudes a falar em nome da empresa. Mais cedo, ele havia dito que a mineradora “não vê responsabilidade” no rompimento da barragem em Brumadinho (MG). A tragédia havia feito pelo menos 60 mortos até a tarde desta sexta (28).
“A Vale não vê responsabilidade”, declarou o advogado ao jornal O Estado de S. Paulo. “Nem por dolo, que é infração intencional da lei, nem por culpa, que é a infração da lei por imperícia, imprudência ou negligência. Ela atribui o acontecido a um caso fortuito que ela está apurando ainda”.
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Após a declaração de Sergio Bermudes, a assessoria afirmou que “não autorizou nem autoriza terceiros, inclusive advogados contratados, a falar em seu nome”. Além disso, ela disse “de forma enfática, que permanecerá contribuindo com todas as investigações para a apuração dos fatos e que esse é o foco de sua diretoria, juntamente com o apoio às famílias atingidas”.
Conforme publicado pelo jornal, a mineradora enviou à Justiça de Minas Gerais um pedido para que fossem reconsideradas as decisões que bloquearam R$ 11 bilhões da companhia para garantir as compensações pelo desastre.
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Bermudes também respondeu ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), que defendeu o afastamento da diretoria da empresa. “Eu acho que a declaração do senador Renan Calheiros é uma declaração leviana que, na aparência, parece que quer tirar dividendos políticos do sofrimento causado pelo fato”, disse.
“Também não tem nenhuma procedência a ideia de que haverá intervenção do governo na Vale. De acordo com o artigo 37 da Constituição, o governo tem de agir no estrito termo da legalidade. Não há nenhuma lei que permita a intervenção. A Vale é uma empresa privada, de propriedade da Previ, via Litel, do Bradesco, via Bradespar, do BNDES, via BNDESpar, da Mitsui e inúmeros outros acionistas”, declarou o advogado.
Mais cedo, o presidente interino Hamilton Mourão afirmou que o gabinete de crise criado pelo Palácio do Planalto estudava a possibilidade de afastar a diretoria da Vale. Ele, entretanto, disse não estar certo se o Poder Executivo poderia fazer essa recomendação.