A rede de atacarejo Assaí (ASAI3), após a separação do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), estreou na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) com forte alta nesta segunda-feira (1).
Por volta das 11h13, após um período em leilão, os papéis do Assaí subiam 397,97%, para R$ 73,20, assumindo um preço inicial próximo ao R$ 14,70. No mesmo horário, as ações do GPA ainda estavam em leilão, mas apontavam para queda de 73%, a R$ 18.
O leilão ocorrido na B3 tem como base o peso de cada empresa (GPA e Assaí) no capital social total. Essas informações foram encaminhadas pelas companhias à Bolsa, que passou a estabelecer a proporcionalidade final de cada empresa no capital.
Com base na última divulgação ao mercado, o peso do Assaí no capital social total é de 17,7%, o que significa que seria equivalente a 17,7% das ações ordinárias do GPA, que encerraram o último pregão a R$ 84,30 — dessa forma, pouco menos de R$ 15. O restante seria proporcional à ON do Grupo.
A partir deste ponto, o preço das ações das empresas é definido com base no valor atribuído pelos investidores. Os players do mercado devem levar os papéis do Assaí para múltiplos próximos aos pares, como o Grupo Mateus (GMAT3), o que explica a disparada as ações após o leilão.
A empresa também será negociada na Bolsa de Valores de Nova York a partir da próxima segunda-feira (8), por meio de American Depositary Receipts (ADRs). Por aqui, ela foi listada no Novo Mercado, mais alto nível de governança corporativa do mercado.
Como se trata de uma simples cisão, não haverá uma oferta de ações — seja IPO ou follow-on. Os donos de ações ordinárias do Pão de Açúcar, no fechamento do pregão da última sexta (26), automaticamente receberam papéis do Assai, podendo vendê-los a partir desta segunda. A taxa de conversão foi de 1 para 1, ou seja, para cada ação PCAR, o investidor recebeu um ASAI3.
Assaí procura expandir operações com as próprias pernas
A companhia de atacado de autosserviço, a segunda maior do setor de comércio alimentar e a décima maior empregadora do setor privado no Brasil, teve sua separação do GPA aprovada para atuar de forma autônoma, voltada ao seu modelo de negócio e nas oportunidades de mercado à frente.
Atualmente, a companhia possui 184 lojas e atua em 22 estados, além do Distrito Federal. Entre outubro e dezembro do ano passado, a companhia registrou um lucro líquido de R$ 299 milhões, avanço de 31% frente ao mesmo período de 2019. A receita total em 2020 atingiu R$ 39 bilhões.
No início do mês passado, a empresa apresentou ao mercado seus planos para os próximos anos, que contam com o investimento de R$ 7 bilhões em novos pontos de venda até 2026. Segundo a companhia, o aporte por loja deve ficar em torno de R$ 55 milhões, ao passo que o custo para manutenção será aproximadamente R$ 1 milhão.
Analistas estimam o valor de mercado do Assaí entre R$ 20 bilhões e R$ 23 bilhões, o que deve ser ajustado ao longo dos próximos pregões, trazendo volatilidade ao papel.
O Assaí terá cerca de 268 milhões de ações, com uma participação de 41,2% do francês Casino, a mesma posição que detém no GPA. O free float, ações em livre circulação no mercado, será de 58,5%.
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