Argentina suspende exportações de carne bovina: Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) caem
A Argentina optou por suspender nesta terça-feira (18) as exportações de carne bovina, em decisão comunicada pelo presidente Alberto Fernández durante reuniões com frigoríficos. Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3), frigoríficos brasileiros com presença no país vizinho, caem na bolsa de valores após a notícia.
A intenção do governo argentino seria controlar o preço da carne no mercado interno, uma vez que o país vem passando por uma inflação elevada, de 17,6% nos primeiros quatro meses de 2021.
Com a alta dos preços, os habitantes do país vem consumindo menos carne bovina – um argentino consome hoje, em média, 49,2 quilos deste tipo de proteína por ano, número distante do pico de 69,3 quilos registrados em abril de 2009.
Segundo notícias, Fernández chegou à reunião com a decisão já tomada. A medida provocou irritação dos executivos das companhias produtoras de proteínas – trata-se de uma repetição das decisões tomadas durante o governo de Cristina Kircher, atual vice-presidente do país, em 2008 e em 2009.
Na época dessas, ao limitar embarques, a Argentina viu seu rebanho cair em mais de 10 milhões de cabeças e o seu peso no comércio internacional da carne bovina minguar. Em 2020, após se recuperar, a Argentina foi o quinto maior exportador mundial de carne bovina, com 819 mil toneladas comercializadas.
Frigoríficos têm exposições diferentes à Argentina
Os frigoríficos brasileiros que atuam na Argentina têm exposições diferentes ao país. A Marfrig, que obtém mais de 80% de sua receita dos Estados Unidos, tem a Argentina representando apenas 1,3% de sua produção. Além disso, a companhia vem reduzindo as suas fatias de exportação no país, que já saíram de 70% para 50%.
A Minerva, por outro, lado tem cerca de 10% de sua receita total produzida na nação liderada por Fernández e 27% da produção da sua subsidiária Athena Foods. O esperado é que o frigorífico agora acelere suas exportações em outros países em que atua, como Brasil, Uruguai e Colômbia.
Apesar de a decisão da Argentina parecer temporária, uma vez que o decreto de início prevê a interrupção da exportação por apenas um mês, as duas companhias brasileiras registram forte queda no pregão desta terça-feira (18): as ações ordinárias da Minerva caem, por volta das 13h15, 3,15% e as da Marfrig, 3%.