Argentina não terá desconto no pagamento da dívida, diz FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou, nesta segunda-feira (17), que não oferecerá um desconto em seu empréstimo à Argentina. O país contraiu uma dívida de US$ 44 bilhões (R$ 190,46 bilhões na cotação atual), durante o governo de Mauricio Macri, cuja restituição começaria a partir deste ano.
“Nossa estrutura legal é tal que não podemos tomar medidas que possam ser possíveis para outros sem essa grande responsabilidade global”, afirmou Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, em entrevista à Bloomberg TV.
Uma equipe técnica da instituição está em missão na capital argentina, onde se reunirá com as autoridades do país até a próxima quarta-feira (19) para discutir acerca da sustentabilidade da dívida.
“Entendemos a necessidade de analisar cuidadosamente o ônus da dívida. É trabalho do governo, não do FMI”, afirmou a diretora quando questionada sobre a “profunda reestruturação da dívida” proposta pelo ministro da Economia, Martín Guzmán.
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Segundo o FMI, será necessário mais tempo para obter dados sobre o status do pagamento. A instituição continuará a apoiar Alberto Fernández em seu programa de governo para fomentar o crescimento econômico, disse Georgieva.
“Em termos gerais, apoiamos muito o compromisso deste governo de estabilizar a economia e retornar ao crescimento”, afirmou a diretora.
Inflação na Argentina
A inflação na Argentina chegou a 53,8% no ano passado. O valor é o mais elevado desde 1991. As informações foram divulgadas, nesta quarta-feira (15), pelo Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec).
De acordo com as informações divulgadas pelo Indec, somente em dezembro, a inflação na Argentina aumentou 3,7% em relação ao mês anterior.
O setor de saúde foi o mais afetado pelo aumento dos preços. Neste segmento, o avanço foi de 72,1% no ano passado. Em seguida, os setores de comunicação e mantimentos domésticos acumularam alta de 63,9% e 63,7%, respectivamente. Confira o desempenho dos outros setores:
- Alimentos e bebidas (+56,8%);
- Bens e serviços diversos (+55,9%);
- Vestimentas e calçados (+51,9%);
- Restaurantes e hotéis (+50,3%);
- Bebidas alcoólicas e tabaco (+50,2%);
- Transportes (+49,7%);
- Recreação e cultura (+48,5%);
- Educação (+47,1%);
- Moradia, água e eletricidade (+39,4%).
Um ano antes, o avanço dos preços no país latino-americano foi de 47,6%. A Argentina possui uma das inflações mais altas do planeta, sendo a segunda maior da América Latina, somente atrás da Venezuela.