Após pedido de moratória ao Fundo Monetário Internacional (FMI), economistas e analistas prevem que a Argentina poderá ficar sem reservas da moeda norte-americana muito em breve.
Os analistas informam que a demanda interna da Argentina por dólar deverá aumentar nos próximos meses devido às incertezas políticas e monetárias do país. Dessa forma, de acordo com o consultor da Oxford Economic, Carlos Sousa, o aumento da demanda fomentará ainda mais a turbulência no mercado cambial.
“O principal problema é que muitos argentinos que têm aplicações financeiras de 30,60 ou 90 dias devem logo começar a trocar pesos por dólares”, disse o consultor Sousa.
A saída de capitais do país, em junho de US$ 2,9 bilhões e no ano de US$ 13 bilhões, representou a necessidade de “financiamento adicional” como destaca o analista do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Martin Castellano.
“Apesar de os US$ 13 bilhões deste ano estarem abaixo do total do ano passado, é um nível historicamente alto. Isso indica a necessidade de financiamento adicional”, afirma Castellano.
Além disso, a consultoria Capital Economics comentou sobre as reservas líquidas que demonstram a vulnerabilidade externa da Argentina.
“O baixo nível de reservas líquidas significa que a vulnerabilidade externa da Argentina é maior do que muitos pensavam ser”, informa a Capital Economics.
O banco Morgan Stanley informou que para honrar os compromissos o país vizinho necessita de US$ 12,9 bilhões até o final deste ano.
Além disso, o economista financeiro, Christian Buteler, afirma que uma corrida ao dólar faz a moeda americana sair do sistema financeiro local.
Na última quarta-feira (28), o peso argentino encerrou o pregão com desvalorização de 3,04% frente ao dólar. A moeda americana foi cotada a 58,10 pesos.
As declarações dos economistas foram apuradas e divulgadas pelo jornal “Valor Econômico”.
Argentina requisita moratório ao FMI
Na última quarta-feira (28) o presidente argentino Mauricio Macri pediu ao FMI a moratória em relação aos vencimentos da dívida da Argentina de US$ 56 bilhões, que começarão em 2021, em uma tentativa de aliviar o mercado cambial.
O ministro da Fazenda do país, Hernán Lacunza, disse que a “Argentina propôs [ao FMI] iniciar o diálogo para reperfilar os vencimentos da dívida”.
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De acordo com Lacunza, a revisão do pagamento de bônus ao FMI, que tem 10% dos títulos, tem como objetivo aliviar as pressões sobre as reservas internacionais e habilitar que elas sejam utilizadas para intervir no mercado cambial além de “preservar” a moeda.
A Argentina passa por fortes turbulências financeiras, com uma depreciação do valor do peso acima de 20% e o índice de risco país subindo mais que 2.000 pontos após a derrota de Macri para o candidato de centro-esquerda Alberto Fernández nas primarias à presidência em 11 de agosto.
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