O governo da Argentina fechou um acordo com três grupos de credores para a reestruturação da dívida de US$ 65 bilhões (cerca de R$ 348,12 bilhões). O acordo firmado nesta terça-feira (4) fará com que o país possa sair da inadimplência, após ter deixado de pagar os juros da dívida soberana do primeiro semestre deste ano.
Segundo o Ministério da Economia da Argentina, “o acordo permitirá que membros dos grupos de credores apoiem a proposta de reestruturação da dívida do país e concedam um alívio significativo da dívida“.
O acerto se refere às negociações com o Ad Hoc Group of Argentine Bondholders, o Argentina Creditor Committee e o Exchange Bonjolder Group. Além disso, dentre os principais detentores de títulos argentinos estão Fidelity Management & Research, Monarch Alternative Capital LP, VR Capital Group, Greylock Capital Management e Pharo Management LLC.
Cinco dos títulos passíveis de troca estão inadimplentes, uma vez que o país não pagou os juros de US$ 500 milhões em maio e outros US$ 600 milhões na última semana, fazendo com que o país entrasse em default (calote) no mês passado.
Em comunicado, a equipe econômica argentina disse que realizará alguns ajustes em datas de pagamento e cláusulas legais para flexibilizar o que foi apresentado em proposta no início de julho, sem elevar o pagamento de principal ou de juros. A dívida pública da Argentina soma US$ 324 bilhões, aproximadamente 90% de seu Produto Interno Bruto (PIB).
Na última proposta apresentada, o período de carência sem pagamentos foi cortado de três anos para um. Dessa forma, a Argentina começaria a honrar os vencimentos em setembro do ano que vem. Os credores buscaram encurtar esse período ainda mais, para até setembro de 2020.
Sob o acordo, no entanto, as datas de pagamento dos novos títulos serão 9 de janeiro e 9 de julho, sendo que antes eram 4 de março e 4 de setembro. Os novos títulos passarão a ser amortizados em janeiro de 2025 e vencerão em julho de 2029.
O ministro da Economia, Martín Guzmán, havia dito que o governo não aumentaria sua oferta e iniciaria conversas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre refinanciamento de um empréstimo de resgate se não houvesse um acordo com os detentores de títulos.
O país, inclusive, também deve US$ 44 bilhões (cerca de R$ 235,39 bilhões) ao FMI. A organização internacional prevê que as dívidas do país são insustentáveis e estima uma queda de 10% na economia em 2020, também impactada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Reduzir as dívidas da Argentina tem sido a prioridade para o presidente Alberto Fernández, eleito em dezembro do ano passado. O país está estagnado em meio a uma em recessão desde a crise cambial de 2018, enquanto enfrenta inflação de dois dígitos.
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