Banco Central da Argentina mantém juros em 69,5% encerra ciclo de altas
O Banco Central da República Argentina, o BCRA, decidiu manter os juros básicos no país em 69,5%, após considerar que o aumento anual de 5,5% no núcleo do índice de preços ao consumidor em setembro sinalizou “progresso” na luta contra a hiperinflação.
Desta forma, a autoridade monetária da Argentina encerra um ciclo de elevações na taxa referencial que durava desde janeiro deste ano, quando o juro básico subiu de 38% a 40%.
O banco central da Argentina “considera que a taxa de referência contribuiu para consolidar a estabilidade financeira e cambiária” no país, e seguirá “monitorando a evolução dos preços” em meio à normalização monetária local, diz o comunicado do BC argentino, divulgado nesta sexta-feira.
O comitê da entidade “presta atenção especial à evolução passada e perspectiva do nível geral de preços e à dinâmica do mercado cambial”, complementa.
A decisão de juros desta sexta responde ainda à coordenação do Ministério da Economia do país para que os juros básicos “apresentem uma relação razoável” com os rendimentos de títulos do Tesouro argentino, segundo o BCRA.
Além dos juros, o BCRA se dispõem a utilizar outras ferramentas monetárias, entre eles o “intervenções destinadas a evitar uma volatilidade financeira excessiva que possa ter um impacto negativo na formação de preços”, ressalta.
Dólar ‘Coldplay’, ‘Luxo’ e ‘Qatar’ aumentam lista do câmbio na Argentina
Em uma nova tentativa de evitar a fuga de dólares, recentemente a Argentina criou mais três cotações para a conversão de pesos argentinos para a moeda americana, chamadas “dólar Coldplay”, “dólar Qatar” e “dólar Luxo”.
Ao todo, hoje são pelo menos 14 cotações diferentes para o dólar no país. Uma recente reportagem da agência EFE, no entanto, apontava que o número pode ser ainda maior, contando opções quase nunca usadas. O total poderia chegar a 30 variedades diferentes de “dólar”.
Criado para a Copa do Mundo, o “dólar Qatar” será aplicado ao consumo em dólares com cartões de crédito e débito, pacotes turísticos e passagens acima de US$ 300, a uma taxa de câmbio de 300 pesos argentinos por unidade.
Já o “dólar Coldplay” vale cerca de 204 pesos, taxa de câmbio mais cara do que a aplicada no pagamento de importação de serviços. O “dólar Luxo”, usado para compra de artigos de luxo importados, terá a mesma cotação do “dólar Qatar”.
Segundo Alexandre Jorge Chaia, professor do Insper, as diferentes cotações do dólar na Argentina são uma forma de o governo criar impostos sem chamá-los de impostos. “Para não criar impostos, o governo da Argentina cria preços diferentes para o dólar para impedir a saída massiva de dólar para o que considera supérfluo”, explica o especialista.
Chaia frisa que isso afeta o crescimento da economia argentina, por causa de restrições e regras que abrem espaço para subornos e preferências, dificultando a comercialização de produtos e serviços. “Todo esse cenário estimula a troca pelo dólar blue (câmbio paralelo) ou faz com que os argentinos viajem ao Uruguai para sacar dólar”, diz.
Com Estadão Conteúdo