A Arezzo (ARZZ3) e o Grupo Soma (SOMA3) confirmaram, na manhã desta segunda-feira (05), a fusão entre as duas companhias. Em fato relevante, as empresas divulgaram detalhes sobre o acordo de associação que tem como objetivo a junção dos negócios e a unificação das respectivas bases acionárias.
Segundo o comunicado, a governança da nova empresa será comandada de maneira conjunta pelos atuais acionistas de referência da Arezzo e do Grupo Soma. Assim, Alexandre Birman será o CEO da nova companhia, enquanto Roberto Luiz Jatahy Gonçalves o CEO da business unit de vestuário feminino.
Por sua vez, Rony Meisler permanecerá como CEO da business unit da Arezzo, enquanto Thiago Hering continuará como CEO da business unit Hering.
Com a implementação da operação, a companhia alcança um faturamento próximo de R$ 12 bilhões e passará a comercializar calçados, bolsas, itens de moda masculina, feminina e infantil, incluindo roupas e acessórios por meio de suas 34 marcas e mais de 2 mil lojas próprias e franquias.
A fusão entre Arezzo e Grupo Soma cria uma nova empresa com quatro verticais de negócios: calçados e bolsas; vestuário e lifestyle feminino, vestuário e lifestyle masculino e vestuário democrático.
“O surgimento dessa nova empresa acarreta grandes oportunidades de geração de valor adicional, tais como, o desenvolvimento das categorias de calçados e bolsas nas marcas do Grupo Soma gerando alavancagem de receita, otimização da gestão dos canais de multimarcas, e-commerce e, principalmente, franquias, otimização da planta industrial de malharia da Hering e a preparação dessa nova empresa para plugar outras verticais de negócio”, diz a nota conjunta divulgada pelas companhias.
Ainda segundo o fato relevante, a companhia resultante da fusão adotará uma nova denominação social a ser definida em comum acordo.
Integração entre Arezzo e Grupo Soma terá ‘desafios culturais’, diz BTG
Em relatório, o BTG Pactual (BPAC11) avaliou que as indústrias da moda e do luxo são dominadas por um pequeno grupo de grandes empresas que se estabeleceram como líderes de mercado e diversificaram seus portfólios.
O banco cita alguns exemplos, como LVMH, Kering, Ralph Lauren, PVH, Prada Group, Richemont e Luxottica Group. “Esses conglomerados geralmente geram sinergias (e, em alguns casos, também ganhos de produção), diversificando ao mesmo tempo a sua exposição a múltiplos segmentos da moda”, escrevem os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima.
O banco pontua que apesar de ser um negócio complexo que cria um player com múltiplas marcas e culturas diferentes nos segmentos de vestuário e calçados – sem citar os riscos de execução no processo de integração – a fusão entre Arezzo e Grupo Soma poderia permitir a captura de sinergias em distribuição, desenvolvimento de produtos, operações de franquia e produção. “Isso não significa que não haverá desafios culturais”, completam os analistas.
O BTG tem recomendação de ‘compra’ para as ações de Arezzo, com preço-alvo a R$ 80,00.
Arezzo e Grupo Soma: como ficam as ações das companhias após a fusão?
Pelo acordo, os acionistas do Grupo Soma receberão, para cada uma ação ordinária de emissão do Grupo Soma, 0,120446593048 novas ações ordinárias de emissão da Arezzo, de modo que os acionistas da Arezzo serão titulares de 54% e os acionistas do Grupo Soma titulares de 46% do capital social da companhia, desconsiderando as ações atualmente em tesouraria.
Além disso, os acionistas de referência da Arezzo e do Grupo Soma comprometeram-se, ainda, a celebrar acordo de acionistas da companhia para regular, dentre outros, o exercício conjunto do voto nas deliberações sociais, a indicação paritária de membros para o conselho de administração e a restrição à negociação de ações por determinado período.
Ainda nos termos do acordo, as companhias assumiram entre si um compromisso de exclusividade para consumar a operação, e os acionistas de referência das duas empresas comprometeram-se a votar favoravelmente à operação em todas as instâncias aplicáveis.
A consumação da fusão entre Arezzo e Grupo Soma está condicionada à verificação de condições usuais para operações desta natureza, incluindo a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).