O Santander cortou o preço-alvo da Arezzo (ARZZ3), mas reiterou recomendação de compra para as ações. Os analistas do banco dizem manter visão otimista sobre a companhia por causa da sólida adaptação a novas oportunidades de crescimento. Nesta sexta-feira (6), as ações da companhia caíram no Ibovespa.
“No entanto, com a ação da Arezzo negociada a 14 vezes o P/E (Preço/Lucro) projetado para o final de 2024 e com uma razão PEG (Preço/Lucro por Crescimento) de 0,9, mantemos nossa preferência pela Vivara (VIVA3)”, diz o Santander.
De acordo com a equipe do Santander, os papéis da Vivara estão sendo negociados a múltiplos semelhantes, mas oferecem um crescimento mais rápido, especialmente por meio da sua unidade Life.
O banco destaca que, em meio ao ambiente macroeconômico de 2023, a Arezzo demonstrou resiliência, mantendo uma taxa de crescimento anual na receita de 20% no primeiro semestre em relação ao ano anterior.
Neste contexto, o Santander reduziu o preço-alvo das ações da Arezzo de R$ 109 para R$ 90.
Arezzo: crescimento da receita deve desacelerar, diz Santander
O Santander estima que o crescimento da receita da Arezzo deva desacelerar, com uma alta de vendas brutas projetada de cerca de 15% em relação ao ano anterior em 2024, em comparação com cerca de 18% em 2023.
“No entanto, dado o foco da Arezzo na lucratividade, esperamos que a alavancagem operacional leve à expansão da margem Ebitda em 2024 e 2025”, explicam os analistas.
Além disso, segundo o banco, apesar de alguma desaceleração nas vendas da Arezzo, ainda é esperado que Reserva, Vans e outras marcas mais recentes no portfólio da empresa mostrem um forte crescimento.
Diante desse cenário, a equipe do Santander reduziu a previsão de receita da Arezzo em cerca de 2,6% para 2023-25. “Cortamos nossas estimativas de Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 3,7% para o mesmo período, o que implica uma ligeira redução em nossas estimativas de margem Ebitda para 2025 de 23 pontos base, mas ainda um aumento relevante em relação ao ano anterior entre 2023 e 2025, pois esperamos que a empresa busque ganhos de eficiência.”
A estimativa do lucro líquido também foi reduzida em 4,4% em média entre 2023 e 2025.
Lucro teve queda de 7% no 2T23
A Arezzo viu o seu lucro do segundo trimestre cair em 7% em relação ao mesmo período do ano passado, para quase R$ 114 milhões, mas continuou tendo resultados operacionais fortes.
A geração de caixa medida pelo Ebitda da Arezzo (lucro antes de impostos, depreciação e amortizações) cresceu 22,1% e foi a R$ 198 milhões.
Já a receita líquida da Arezzo teve alta de 19,7%, sempre em relação ao segundo trimestre de 2022, e fechou o período em R$ 1,1 bilhão.
O motivo pela queda no lucro da Arezzo já era esperado pelos analistas: o aumento da despesa financeira. Entre abril e junho de 2022, a empresa tinha no caixa R$ 360 milhões, parte do que havia captado por meio de um follow-on (emissão secundária) de R$ 830 milhões em fevereiro. Já no segundo trimestre deste ano, a companhia tinha uma dívida líquida no caixa de R$ 346 milhões.
Segundo Rafael Sachete, diretor Financeiro da Arezzo, de lá para cá, os recursos foram usados em aquisições, investimentos, abertura de novas lojas e capital de giro, com os juros mais caros dos últimos 12 meses. “Só em aquisições, foram cerca de R$ 400 milhões”, disse. “Mas temos uma situação de endividamento bastante confortável, somos fortes geradores de caixa e, até o fim do ano, devemos reduzir essa percepção de endividamento e alavancagem.”
Hoje, a dívida da Arezzo está em 0,5 vez a geração de caixa medida pelo Ebitda e a tendência é de melhoria a partir do segundo semestre porque as bases de comparação de despesas vão ser reduzidas, segundo Sachete.
Outro ponto destacado em relatório recente de casas de análise, o da operação internacional, que estava sendo ajustada, teve melhoria nas vendas no varejo, com a inauguração de uma loja Schutz na Broadway, na cidade de Nova York, e nos preços cheios cobrados no comércio eletrônico. Mas as vendas como um todo sofreram, bem como o Ebitda no exterior, em função da retração das lojas de departamentos. “Os Estados Unidos são o maior mercado do mundo e nosso posicionamento é de longo prazo“, afirma Sachete. “Estamos construindo marcas, posicionamento e branding.”
Arezzo: vendas chegam a R$ 1,4 bilhão, alta de 21,6%
Em setembro, a marca Arezzo será lançada na rede varejista Macy’s, o que tende a aumentar a exposição da marca no mercado norte-americano.
Em relação ao Brasil no segundo trimestre, Sachete disse que a empresa teve pequeno impacto em função da crise econômica porque as marcas da Arezzo são resilientes por serem voltadas ao consumidor com maior poder aquisitivo. O segundo trimestre, que tem algumas das datas mais importantes para o grupo, foi de bom desempenho. O sábado que antecedeu o Dia das Mães foi o de melhor em vendas da história da corporação. As marcas de vestuário, uma área de negócios recente e incorporada depois da aquisição da Reserva, também tiveram desempenho de destaque no Dia dos Namorados.
De maneira geral, todas as marcas tiveram crescimento de vendas. No total, a Arezzo vendeu R$ 1,4 bilhão, com alta de 21,6% em relação ao mesmo período do ano passado. A empresa destaca que, em 2002, já havia crescido 65% em relação a 2021.
Já as vendas online da Arezzo, que antes da pandemia representavam 12% do total, atingiram 24% no trimestre passado. Com isso, alguns números foram superiores a projeções de algumas casas de análises. O Citi havia previsto lucro líquido de R$ 94 milhões e a empresa alcançou R$ 100 milhões nesse indicador reportado e R$ 114 milhões recorrentes.
Cotação
Nesta sexta (6), os papéis da Arezzo caíram 1,78%, cotados a R$ 63,71.
Cotação ARZZ3