Apagão: governo pedirá investigação da PF e da Abin; ministro fala em “evento raro”

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta terça-feira (15) que a interrupção no fornecimento de energia elétrica, o apagão registrado em todas as regiões do país, foi um evento extremamente raro.

Por isso, além das apurações internas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), foi solicitado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também investiguem com detalhes as causas da falta de energia.

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“Tenho absoluta convicção de que o ONS, até pela sua característica técnica, não vai ter condição de dizer textualmente se esses eventos foram eminentemente técnicos, ou se houve também falha humana ou até dolo”, disse o ministro sobre o apagão em entrevista coletiva nesta terça (15), lembrando que o setor elétrico é altamente estratégico, sensível e fundamental para a sociedade brasileira.

A jornalista Malu Gaspar, do jornal o Globo, disse, em reportagem publicada no início da noite desta terça, que técnicos da ONS e da Aneel apuraram que um software de proteção chamado ERAC (Esquema Regional de Alívio de Carga) teria desligado o sistema após uma repentina mudança de carga. O programa detecta quando existe sobrecarga ou déficit nas linhas de transmissão. “O ERAC desativou uma uma parte do sistema elétrico quando se tentava transferir do Nordeste para o Norte do Brasil uma alta carga de energia”, explicou a jornalista na reportagem.

Apagão: sobrecarga em linha de transmissão no Ceará e colapso

Ao explicar à imprensa o que teria causado o apagão no país, o governo diz que já sabe que houve na manhã de hoje uma sobrecarga em uma linha de transmissão de energia no Ceará, o que fez com o que o sistema entrasse em colapso nas regiões Norte e Nordeste. Quando isso ocorreu, o ONS modulou a carga que estava sendo enviada para o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste, como forma de proteção, o que fez com que a energia fosse reduzida nessas regiões. Houve pelo menos 16 mil megawatts (MW) de interrupção de energia.

Segundo o ministro das Minas e Energia, o ONS ainda irá avaliar se houve outro evento no mesmo horário, em outro local do país. “O único evento que se pode afirmar é esse no Ceará. Ainda não há outro evento apontado pelo ONS, mas leva-se a presumir que tivemos um segundo evento que causou esse evento dessa magnitude”, disse. Silveira pontuou que o país trabalha com um sistema de energia redundante e, para que tenha havido uma interrupção dessa magnitude, devem ter ocorrido dois eventos ao mesmo tempo. Alexandre Silveira citou os casos de ataques a torres de transmissão de energia registrados em janeiro deste ano.

“Graças à robustez do nosso sistema, para que haja um evento dessa magnitude, há de se haver uma redundância de fatos relevantes”, disse. A previsão é de que, em 48 horas, o ONS aponte o que fez com que o sistema tivesse tido essa interrupção, resultando no apagão.

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Energia no Norte e Nordeste demorou mais tempo para ser normalizada

Segundo o MME, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste a energia voltou cerca de uma hora depois da interrupção e, no Norte e no Nordeste, o fornecimento foi completamente restabelecido às 14h49.

O ministro explicou que o ocorrido hoje não tem nada a ver com o suprimento e a segurança energética do Brasil. “Vivemos um momento de abundância nos reservatórios”, destacou Silveira, lembrando que recentemente o Brasil exportou energia para a Argentina quando os reservatórios de Itaipu e Furnas estavam vertendo água.

A queda de energia atingiu 25 estados e o Distrito Federal. O único estado que não foi afetado foi Roraima, que não é integrado ao Sistema Interligado Nacional. Cerca de 27 milhões de pessoas foram atingidas, o que representa um terço dos consumidores brasileiros.

Durante a entrevista coletiva, o ministro fez críticas à privatização da Eletrobras (ELET3), que detém a maior parte da geração e transmissão no Brasil.

“Eu seria leviano em apontar que há uma causa direta [do apagão] com a privatização da Eletrobras. Mas a minha posição sempre foi a de que um setor como este deve ter uma mão firme do Estado brasileiro, como saúde, segurança e educação”, disse o ministro.

Com Agência Brasil

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Marco Antônio Lopes

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