O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta quarta-feira, 16, que a linha de transmissão que apresentou falhas na terça-feira, no Ceará, pertence à Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, a Chesf, subsidiária da Eletrobras (ELET3) – o que iniciou o processo que culminou com a interrupção de energia pelo país. O apagão atingiu 25 estados e o DF nesta terça (15). A empresa, segundo Silveira, contatou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) admitindo o erro e confirmando que houve falha sistêmica.
Silveira afirmou que o problema se deu na linha de transmissão Quixadá/Fortaleza, no Estado do Ceará. A ocorrência levou ao apagão que atingiu localidades nos 25 Estados e no Distrito Federal. Apenas Roraima, que não está conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), não foi afetada.
Segundo ele, ainda não é possível apontar se a ocorrência foi resultado de uma falha humana ou sistêmica.
“Esse evento foi considerado, a princípio, de pequena magnitude e, isoladamente, não era suficiente para causar colapso do sistema como um todo. Ou seja, a partir desse evento, que ocorreu em uma linha de Eletrobras, da Chesf, por um erro de programação, o sistema não se protegeu como deveria ter acontecido e ocasionou uma série de outras falhas do sistema a partir daí, que serão apuradas pelo ONS”, disse.
De acordo com o ministro, o ONS ainda não identificou os eventos que aconteceram depois da primeira falha. “Nosso sistema é tão robusto que, um evento em si, não seria capaz de derrubar o sistema como um todo. Ou seja, foi uma série de eventos que serão agora detalhados pelo ONS.
Questionado sobre atuação do ONS, o ministro afirmou que o operador tem um procedimento padrão para episódios como o de terça. “O procedimento é aumentar o volume de segurança do sistema, por isso tomou procedimentos para suspender, no caso específico, a questão intermitente e garantir maior resiliência do sistema”, afirmou. “Não tem correlação direta com incidente.”
Polícia Federal investiga apagão
Silveira voltou a defender ser extremamente necessário a participação da Polícia Federal nas apurações das causas do apagão. “Gostaria de compreender diferente, mas mais do que nunca acho que é extremamente necessária a participação muito ativa da Polícia Federal nesse caso, já que o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) não teve como apontar uma falha técnica que pudesse causar um evento com a dimensão que teve a paralisação da energia no País”, disse.
Silveira informou na terça que solicitaria ao Ministério da Justiça que acionasse a PF e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para participarem das investigações sobre o apagão. Na tarde desta quarta, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, se reuniu com o ministro.
Segundo Silveira, o ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Flávio Dino, determinou a instauração de inquérito policial. “A Polícia Federal já está mobilizada”, disse.
“Temos que trabalhar com todas as hipóteses sobre o apagão, até porque eu gostaria muito de ter recebido por parte do ONS hoje (quarta) um apontamento exclusivamente técnico que fundamentasse o ocorrido ontem, mas infelizmente não foi essa posição do ONS”, complementou.
Ele afirmou que a participação da PF nas investigações do apagão é para dar tranquilidade à população que os fatos serão esclarecidos. “Não podemos errar por omissão”, disse.
Com Estadão Conteúdo