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Andrea Marques de Almeida, primeira mulher CFO da Petrobras (PETR4): “No começo, investir era difícil”

Andrea Marques de Almeida, primeira CFO mulher da Petrobras

Andrea Marques de Almeida, primeira CFO mulher da Petrobras. Divulgação/Petrobras

Mesmo quem chega ao topo precisa começar do começo, e isso vale para o mundo dos investimentos. Antes de chegar à lista de 100 mulheres mais poderosas do mundo da Forbes, a brasileira Andrea Marques de Almeida também enfrentou as suas dificuldades, tanto na carreira quanto na construção do seu patrimônio. “No começo, investir era difícil”, afirmou em entrevista exclusiva ao SUNO Notícias.

 

Primeira mulher a ocupar a cadeira de diretora de Finanças e Relacionamento com Investidores da Petrobras (PETR4), Andrea é a única brasileira na lista da Forbes de 2020, ocupando a 77ª posição.

Na conversa com a SUNO, ela contou que as mulheres estão ganhando força no mercado de trabalho, mas que ainda existem desafios pela frente. Além disso, a executiva falou sobre sua trajetória profissional, sobre seus investimentos, e sobre os desafios de conciliar a maternidade com a carreira.

Seus aprendizados podem servir de inspiração para quem está começando ou vivendo sua própria jornada profissional e de investimentos – principalmente as mulheres investidoras.

Confira os destaques da entrevista exclusiva:

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Mercado de trabalho ainda tem viés

A participação das mulheres no mercado de trabalho está avançando, mas a presença maioritária de homens na liderança das empresas ainda compromete a escolha de funcionárias mulheres no alto escalão.

“Acredito que sim, o mercado está em evolução. Hoje diversas empresas estão investindo em programas para fomentar a equidade de gênero. Existem também diversos grupos trabalhando para o objetivo de aumentar a participação feminina em Conselhos de Administração, bem como no C-level”, afirmou a executiva, em entrevista exclusiva para o SUNO Notícias.

No entanto, ela aponta que um dos entraves é o fato de que os homens ainda têm a tendência de escolher outros homens para as suas equipes.

“Normalmente as pessoas tendem a escolher pessoas parecidas com elas para trabalhar em suas equipes, muitas vezes este viés é inconsciente. Mas se temos mais homens participando na escolha de candidatos, há sim uma tendência de escolher um homem.”

Na visão da diretora da Petrobras, outra barreira para as mulheres é a dificuldade em gerenciar as demandas da família e do trabalho ao mesmo tempo.

“Existem momentos em que a dedicação ao trabalho tende a ser muito intensa, e certamente a família e os filhos sofrem um pouco”, conta a executiva, que é mãe.

No início da carreira, investir era difícil, conta Andrea Marques de Almeida

Antes de chegar à lista da Forbes como uma das mulheres mais poderosas do mundo, Andrea Marques de Almeida conta que teve um início de carreira com suas dificuldades, inclusive quando o assunto era investir. Ela tentava guardar parte do que ganhava, mas nem sempre era possível.

“Quando não conseguia separar parte do salário, sempre tentava guardar pelo menos o bônus relativo à participação nos resultados. Assim fui formando minhas economias”, conta.

Além disso, Andrea sempre descontou o máximo possível do seu salário para a previdência privada, principalmente quando a empresa contribuía com o mesmo percentual. “Este dinheiro também está investido e conta com um percentual grande de ações, em torno de 30%.”

Segundo ela, seu perfil de risco é moderado, e ela não gosta de usar alavancagem ou operar futuros, embora entenda de todos estes instrumentos.

Apesar das dificuldades naturais do início da carreira, a diretora da Petrobras conta que investir foi algo sempre natural em sua trajetória. “Eu sempre cuidei dos meus investimentos, e também apoiava meus pais”, revela. Hoje em dia, por falta de tempo, ela conta com a ajuda de gestores de investimentos para administrar sua carteira.

Ela diz que sua carteira hoje é bem balanceada, com ações, fundos imobiliários, debêntures, fundos multimercado, entre outros.

Mudanças de cargo, país e dificuldades familiares

Antes de assumir o cargo na Petrobras, em 2019, Andrea atuou por 25 anos na Vale (VALE3). A executiva conta que entrou na mineradora ainda como trainee, e levou dez anos para alcançar sua primeira posição gerencial.

Engenheira de produção, ela tem dois MBAs, um de Finanças pelo Ibmec e outro em gestão empresarial pela USP. Mesmo assim, o caminho foi desafiador.

“Na época, eu era considerada muito técnica. Meu primeiro desafio foi convencer a liderança que eu seria capaz de liderar pessoas. O meu segundo desafio, em 2004, foi montar a área de gestão de riscos, que não existia na empresa. Avancei na carreira de gestão de riscos até alcançar a posição de Diretora”, conta.

Crescimento profissional gerou desafios pessoais

Outro grande desafio foi pessoal, segundo Andrea. Ela conta que teve que se mudar para a Suíça com a família para assumir a posição de Diretora de Gestão de Riscos. Naquele momento, um familiar próximo estava doente. Ao mesmo tempo, a executiva conta que seu filho sofreu muito com a mudança.

Mais tarde, ela se candidatou para a vaga de CFO do negócio de Metais Básicos da Vale, posição localizada em Toronto. Ela foi escolhida, e mais uma vez viveu o desafio de se mudar para outro país com a família. “Outra decisão também difícil, principalmente quando seu filho tem 15 anos, mas eu acreditei que tudo daria certo e não olhei para trás, aceitei mais este desafio na vida”, afirma.

Ela ficou três anos e meio em Toronto e voltou ao Brasil ocupando a posição de Head de Tesouraria, onde ficou por apenas oito meses. Foi então que recebeu o convite para a posição atual, de CFO da Petrobras.

“Tudo isto acaba sendo superado ao longo do caminho, se acreditamos que vamos vencer as barreiras que aparecem, e foi assim que aconteceu comigo em diversas situações que passei”, destaca Andrea Marques de Almeida.

Dicas para profissionais em ascensão:

De acordo com a executiva, algumas características foram importantes na sua jornada profissional. Confira o que ela disse:

Andrea Marques de Almeida na lista de mulheres mais poderosas do mundo

Ao comentar sua participação no ranking de mulheres mais poderosas da Forbes em 2020, Andrea afirmou que atribuiu sua presença a uma combinação entre carreira profissional e as conquistas alcançadas este ano com a Petrobras. Ela destacou que é a primeira mulher a ocupar a cadeira de CFO da Petrobras, o que traz muita visibilidade.

“E considerando o ano desafiador que estamos vivendo, conseguimos alcançar resultados muito representativos”, afirmou. Os principais pilares estratégicos da companhia atualmente são:

Andrea destacou que tanto ela quanto sua equipe têm atuado bastante e contribuído para a redução da alavancagem, do custo de capital e de custos.

No momento, a Petrobras está passando por um itenso processo de desinvestimentos, vendendo ativos para focar na exploração de petróleo em águas profundas.

Conquistas da executiva na Petrobras

A executiva também falou com a SUNO sobre suas principais conquistas na Petrobras. “Talvez a principal vitória tenha sido montar um time unido e colaborativo, formado por pessoas de carreira da Petrobras, e também, por pessoas com experiência de empresas privadas que buscam desafios constantes e melhoria contínua”, disse.

Dentre as conquistas, ela destacou a aprovação da nova política de dividendos com o trigger de dívida bruta de US$ 60 bilhões (agosto 2019); a implementação do EVA como novo modelo de gestão na empresa e três operações de equity offering no valor de US$ 9,7 bilhões.

Duas destas operações foram de venda de ações da Petrobras, uma pela Caixa de R$S 7,3 bilhões e outra pelo BNDES no valor de R$ 22 bilhões. A terceira foi a operação da BR Distribuidora (BRDT3), primeira privatização feita através do mercado de capitais com a venda de ações (follow on) no montante de R$ 9,6 bilhões.

Além disso, ela citou a redução da dívida bruta de mais de US$ 31 bilhões de 2019 até o terceiro trimestre deste ano.

Daqui para frente, Andrea persegue outros objetivos, como redução da alavancagem, redução do custo de capital, redução de custos, aumento da transparência para os investidores, desenvolvimento da agenda ESG, dentre outros.

“Quero colaborar com a transformação cultural que estamos implementando na empresa de forma a transformar a empresa numa empresa mais sustentável e com profissionais de ponta preparados para os desafios futuros”, destacou Andrea Marques de Almeida, em sua conversa com o Suno Notícias.

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