O balanço trimestral de fundos de investimentos da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) registrou um crescimento no patrimônio líquido de 8,6% em setembro de 2023, em relação ao ano anterior. Dos R$ 7,4 trilhões acumulados em 2022, o patrimônio saltou para R$ 8,1 trilhões para este mês.
Os dados foram divulgados pela Anbima nesta sexta-feira (6).
Em número de contas de fundos no período, o salto também foi de quase 2 milhões, de 32.941.118 para 36.779.242 (+11,6%). Cerca de 1.800 fundos novos surgiram neste intervalo, com um aumento de 6,3% (de 28.260 para 30.040).
Contudo, os dados da captação líquida acumulada apontaram uma queda significativa, aprofundando uma negativa de R$ 7,6 bilhões para R$ 84,6 bilhões, equivalentes às retiradas de investimentos.
No terceiro trimestre, a captação líquida somou R$ 38,4 bilhões, principalmente maior em julho e agosto:
- Julho: R$ 22,4 bilhões;
- Agosto: R$ 29,6 bilhões;
- Setembro: Resgata de R$ 13,6 bilhões (negativo).
Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima, comentou em coletiva de imprensa, que o mês de setembro acabou sendo marcada por uma aversão a risco por causa do exterior. “Vimos as taxas dos títulos americanos de 10 anos subirem muito. É o medo de que a inflação nos Estados Unidos fique alta e as taxas de juros lá precisem ficar elevadas”, afirmou.
Anbima: retirada dos fundos multimercados com insegurança na inflação
Em um olhar mais aproximado, a Anbima atestou que no acumulado do ano de 2023 a classe de fundos multimercados foi a que mais registrou saques, totalizando R$ 57 bilhões do total.
Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima, comentou na coletiva de imprensa sobre o documento de que mesmo com esta classe de fundos apresentando bons resultados e performance positiva, ainda foi visto um alto volume de retirada dos investimentos.
“Essa é uma classe de fundos [os multimercados] que consegue navegar em momentos mais desafiadores. De alguma maneira, o investidor deveria ter uma exposição a multimercado também”, comentou Rudge.
Ainda em entrevista, Rudge relembrou a Resolução CVM 175 da Comissão de Valores Mobiliárias (CVM) para fundos de investimentos. A nova regra, que dispõe sobre a constituição, o funcionamento e a divulgação de informações dos fundos, entrou em vigor na segunda-feira (2).
“A regra entra em vigor de maneira faseada, começando em outubro. Depois, em abril, com mais transparência e até dezembro de 2024 todo o estoque de 30 mil fundos deverão ser adaptados [à Resolução]”, comento o vice-presidente da Anbima.