A crise causada pelo novo coronavírus (covid-19) acabou por derrubar o preço da maioria dos papéis, mas não tirou o interesse dos brasileiros por ações, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (7) pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Segundo a Anbima, o percentual de pessoas físicas no volume de ações negociadas na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, no primeiro semestre cresceu e passou de 7,0% em 2019 para 13,4% neste ano.
“O investidor local [fundos e family offices] e pessoas físicas ganharam algum destaque. Contamos com o crescimento do mercado de investidores pessoa física para ancorar o mercado e, além disso, tem uma boa perspectiva de crescimento para isso”, disse José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima.
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A entrada do investidor pessoa física, inclusive, supriu a saída dos estrangeiros da B3. No primeiro semestre deste ano, a presença os estrangeiros foi de 27,9% do mercado ante 41,0% no mesmo período de 2019.
“Os investidores brasileiros estão substituindo, em grande parte, a presença de estrangeiros. Então é muito saudável no mercado ter investidores estrangeiros e locais, e dentro desses locais, pessoas físicas e fundos. Quantos mais atores nesse mercado, mais liquidez os papéis terão e uma precificação mais justa”, afirmou Laloni.
Para Laloni, contudo, o investidor estrangeiro deve retornar à Bolsa em breve.
“Do ponto de vista do mercado, já vemos o estrangeiro voltar para a Bolsa em junho. A tendência é que, conforme as coisas se normalizem, o estrangeiro pode ser um ator importante para sustentar o nível e também as novas emissões que estão vindo por aí”, afirmou.
Renda variável e debênture sofreram mais, diz Anbima
O aumento da procura pro renda variável fez com que a queda do volume total do mercado de capitais tivesse uma queda relativamente pequena, passando de R$ 221,6 bilhões no primeiro semestre do ano passado para R$ 217,5 bilhões no mesmo período de 2020.
“A taxa de juros baixa está fazendo um grande bem e ela tem um efeito muito de longo prazo”, disse Laloni.
Saiba Mais: B3 (B3SA3): investidores estrangeiros aportaram R$ 343 mi em junho
De acordo com os dados disponibilizados pela Anbima, as maiores quedas do volume no primeiro semestre foram de operações de renda fixa e debêntures,
“O mercado foi metade do tamanho de 2019”, afirmou o vice-presidente da Anbima. “A oscilação negativa tem a ver com fundo de crédito que motivaram grandes saques. Tivemos um grande vale em maio e alguma recuperação já em junho”, completou.
O volume dos fundos de renda fixa e híbridos nos primeiros seis meses de 2020 ficou em R$ 113 bilhões ante R$ 149 bilhões no mesmo período do ano passado.
Já o volume de negociação de debêntures foi de R$ 48 bilhões em 2020 ante R$ 98 bilhões no mesmo período do ano passado, informou a Anbima.
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