Valor da Amil pode chegar a R$ 20 bi, estima o BofA, que vê Dasa (DASA3) à frente para compra
A empresa americana UnitedHealth Group (UHG) está em busca de reduzir suas operações no Brasil. Em dezembro do ano passado, a companhia vendeu a carteira de planos individuais da Amil para a Assistência Personalizada à Saúde (APS). Agora, chegou a vez de vender a operação da Amil, que custou R$ 10 bilhões à UHG há 10 anos.
Segundo o Bank of America (BofA), a avaliação da Amil para a venda pela UnitedHealth pode variar entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões, considerando dois fatores:
- historicamente hospitais semelhantes foram vendidos entre R$ 2 milhões e R$ 4 milhões cada leito; e
- a carteira de planos da Amil precifica entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por beneficiário.
Atualmente, a Amil possui cerca de 2,5 mil leitos hospitalares e 3 milhões de beneficiários de saúde. Estão na disputa por essa fatia do mercado hospitalar a Rede D’Or (RDOR3) e a família Bueno, dona da Dasa (DASA3).
Os analistas do BofA, Fred Mendes, Gustavo Tiseo e Mirela Oliveira, analisaram alguns cenários possíveis dessa transação.
Cenário de venda da Amil
A primeira análise leva em consideração a divisão de ativos da Amil entre hospital e operadora de saúde e a venda para dois ou mais players diferentes.
“Para Rede D’Or e Dasa, acreditamos que essa possibilidade faz mais sentido, pois elas adquiririam os ativos hospitalares e um possível segundo player como a SulAmerica (SULA11) ou mesmo o Bradesco (BBDC4) adquiririam os beneficiários”, diz relatório.
Segundo os analistas, este cenário não só reduziria o montante de caixa gasto na potencial aquisição, caso se concretize, mas também resolveria um possível problema futuro para Dasa e Rede D’Or, que seria competir no mercado de planos de saúde, o que poderia prejudicar as atuais parcerias com algumas operadoras.
A segunda possibilidade seria a aquisição da Amil por um único comprador. É possível, mas os analistas veem como um cenário mais difícil de acontecer.
“Acreditamos que esta opção é remota dada a dimensão da potencial aquisição em um segmento com rentabilidade limitada”, afirmam em relatório. E acrescentam: “A primeira opção, em nossa opinião, é potencialmente mais provável, com a Dasa sendo o participante do mercado que ficaria com os hospitais e os beneficiários sendo vendidos para outro player como SulAmerica ou Bradesco Saúde”.
Dasa e Rede D’Or: quem ganha?
A posição dos analistas do BofA esta fundamentada em alguns fatores:
- a Dasa/Família Bueno tem uma relação próxima com UHG;
- Dasa precisa de follow-on para trazer liquidez e uma aquisição transformacional parece ser a melhor saída;
- A Rede D’Or pode ter dificuldades com o órgão antitruste (CADE) devido à atual exposição aos locais onde a Amil tem seus hospitais: 52% de leitos de hospitais de alto padrão estão no Rio de Janeiro.
Além disso, eles analisam algumas dificuldades para a Dasa também, como o fato da alavancagem da empresa já estar em 3 vezes, reduzindo as chances de recorrer a um maior endividamento para comprar a Amil.
“Assim, caso ocorra a compra apenas da estrutura hospitalar (entre R$ 6 bilhões e R$ 9 bilhões, com base no cálculo acima excluindo os beneficiários) pela Dasa, esperamos um possível follow-on, endividamento e pagamento de ações ao UHG”.
Os analistas acreditam que, se ocorrer, a aquisição da Amil será transformadora para a Dasa, pois eliminaria o principal problemas dos papéis da companhia no momento, que é a falta de liquidez.
O BofA tem recomendação de compra para as ações da Dasa, com preço-alvo de R$ 58,00. Às 11:15 (horário de Brasília) desta segunda (17), os papéis da empresa operavam entre perdas e ganhos, valendo R$ 30,16.