A UnitedHealth (UNHH34), atual detentora da Amil, fechou um acordo de cerca de R$ 3 bilhões com a Fiord Capital, empresa de reestruturação financeira, para se desfazer da carteira de planos de saúde individual, segundo informações do jornal Valor Econômico.
Segundo informações da Coluna do Broadcast, a Amil já sondava compradores, sendo que o nome da Fiord constava na lista junto com Nelson Tanure e a Dasa Diagnóstico (DASA3), empresa de Pedro Bueno – filho do fundador da Amil.
Com a atual negociação, o grupo de saúde americano vai pagar R$ 3 bilhões para poder assumir uma carteira extremamente deficitária com cerca de 370 mil usuários de São Paulo, Rio Janeiro e Paraná.
O negócio envolve ainda quatro hospitais da Amil situados em São Paulo e Curitiba, que foram escolhidos por serem os mais usados por esses beneficiários.
Contudo, a Amil continuará prestando serviços a esses clientes com suas redes própria e credenciada de hospitais e médicos, num contrato de longo prazo.
Desta cifra de R$ 3 bilhões, cerca de R$ 800 milhões referem-se à reserva técnica, recurso que fica bloqueado como garantia para cobrir possíveis problemas financeiros ou pagamentos de procedimentos médicos futuros.
A restrição atende às normativas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Já a outra parte do montante é uma compensação para a empresa que está assumindo a carteira que opera no vermelho há meses.
Em 2019, a taxa de sinistralidade dessa carteira girava em torno de 100%. Para uma operadora ser lucrativa, esse percentual precisa rodar em 75% ou menos.
Pressionada, Amil foi ao mercado
A movimentação de compra é justificada pela cultura da controladoria da Fiord.
Recém-criada, a companhia foi fundada por Nikola Luckic, ex-Startboard – empresa especializada em reestruturar ativos em dificuldade financeira e que tem em seu portfólio a varejista Máquina de Vendas.
No primeiro semestre deste ano, a Amil apurou um resultado líquido de R$ 3,8 bilhões, o que representa uma queda de 65% quando comparado ao mesmo período de 2020.
A venda da carteira e os cortes fazem parte de um plano de reestruturação na Amil, que começou no fim de 2020. No primeiro trimestre deste ano, a UHG dizia que havia dobrado a aposta no Brasil, para justificar uma suposta desistência de venda dos planos individuais, algo que já vinha sendo planejado havia algum tempo.
Indagada pela reportagem sobre as margens e sobre as especulações de que a companhia opera com sinistralidade acima de 110%, a Amil negou entrevista ao Valor afirmando que os “executivos estão focados em reuniões de encerramento do ano”.