Os acionistas de referência da Americanas (AMER3) não descartam a hipótese de uma associação com um concorrente digital relevante, caso a varejista se recupere de forma mais firme nos próximos meses, segundo apuração do jornal Valor Econômico.
De acordo com a publicação, o plano da Americanas vai depender do desempenho das operações daqui para a frente, uma vez que é preciso se apresentar como uma empresa viável a potenciais parceiros.
“É preciso entender primeiro o que vai sobrar da Americanas, para pensar em uma parceria nos próximos 12 a 24 meses”, disse uma fonte.
O Valor lembra que atualmente, a operação digital da Americanas, foco central da investigação das fraudes, é vista pelo mercado como o principal problema do grupo. Entretanto, o braço de lojas físicas é considerado mais resiliente e foi menos abalado pela crise, como tem afirmado a atual direção.
Ainda para o jornal, num eventual acordo envolvendo um parceiro digital, a Americanas teria a oferecer uma rede de pontos pulverizada pelo país – na reestruturação, a ideia é cortar, no total, até 10% das 1,8 mil unidades que a varejista tinha antes da crise. Essas lojas têm uma importância estratégica para as operações de marketplace que utilizam, por exemplo, o sistema de compra digital e retirada em loja.
Em relação aos pares, fontes afirmaram ao Valor que apesar de Mercado Livre (MELI34) e Amazon (AMZO34) serem os concorrentes estrangeiros mais bem estabelecidos no país, com acionistas com amplo acesso a capital, o interesse dessas empresas em parcerias com grandes grupos donos de lojas no país sempre foi muito baixo.
Na anterior gestão da Americanas, dois ex-diretores, Anna Saicali e José Timotheo de Barros, chegaram a visitar a Amazon nos EUA para abrir um relacionamento com a companhia, segundo o jornal. Na época a B2W (atual braço on-line do grupo) operava de forma separada da Lojas Americanas.
Uma outra fonte disse ao Valor que marca da Americanas ainda é muito forte e, apesar de as lojas terem ficado abandonadas por anos, os pontos são estratégicos pelo localização, o que pode ser interessante a um parceiro digital.
Fraude da Americanas (AMER3) custou R$ 14 bilhões aos bancos
Após um ano do escândalo da Americanas, que abalou o mercado de capitais brasileiro, o saldo negativo para os credores da varejista é de aproximadamente R$ 14 bilhões.
A fraude da Americanas, que afetou drasticamente o mercado de crédito, gerou um impacto imediato nos credores da companhia – incluindo o Bradesco (BBDC4), que tinha a maior exposição nominal ao caso.
A companhia, assim como o Itaú (ITUB4) e o BB (BBAS3), decidiu provisionar 100% do valor, provocando um efeito direto no balanço trimestral do 4T22, divulgado semanas após a revelação do escândalo contábil.
Atualmente, a Americanas soma R$ 36,8 bilhões em dívidas financeiras, incluindo os empréstimos com bancos credores e os títulos de dívidas que são detidos por debenturistas.
Em meio à seu processo recente de recuperação judicial, com acordos costurados há pouco tempo, a varejista deve ter uma fatia do seu capital social abocanhada por partes desses credores.
Isso, dado que no âmbito do plano de recuperação judicial da Americanas estão previstas injeções de capital via ofertas de ações – que tem potencial de diluir os atuais acionistas e dar até 48% do capital da empresa para os credores.