A Americanas (AMER3) estuda uma solução rápida para conseguir cobrir o rombo de R$ 20 bilhões. Uma das possibilidades no radar da empresa é uma oferta subsequente de ações (follow-on) com a garantia de compra de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, do 3G Capital.
De acordo com fontes do jornal Valor Econômico, a varejista deve tomar uma decisão a sobre o formato da operação e o prazo para o seu lançamento nesta sexta (13). Contudo, a expectativa é de que seja necessário o aporte de “alguns bilhões”, como o ex-CEO Sergio Rial evidenciou na apresentação ao mercado realizada na quinta (12).
Caso o follow-on da Americanas seja realizado, será a segunda operação dessa espécie em menos de três anos. Em 2020, no auge da pandemia da Covid-19, a companhia recorreu a essa alternativa e levantou R$ 7,9 bilhões.
Na ocasião, Lemann, Telles e Sicupira acompanharam esse follow-on para não serem diluídos — o trio conta com cerca de 40% da empresa.
Porém, com o atual rombo da Americanas, essa situação torna-se bem mais difícil. No pregão de quinta, a empresa viu R$ 8,37 bilhões do seu valor de mercado virarem pó e encolheu 77,33% na bolsa de valores.
Após “arrumar” a casa com os acertos na estrutura do capital, a Americanas terá que passar por um pente fino de auditorias. E, no futuro, as fontes projetam a possibilidade do negócio enfrentar uma operação de fusão e aquisição (M&A, sigla em inglês).
Americanas vai falir?
Para os especialistas ouvidos pelo Suno Notícias, o aporte do 3G Capital é visto como uma possível garantia de que a Americanas não declare falência.
“Eles tem ‘bala na agulha’, um poço bem fundo, já se comprometeram a aumentar capital, colocar dinheiro na empresa caso precisem. Mas, sem dúvidas, essas notícias trazem uma crise de confiança, de credibilidade”, afirmou Fernando Dal-Ri Murcia, diretor de Pesquisas e Projetos da Fipecafi e professor da FEA/USP.
Marcello Cacavallo, professor de Ciências Contábeis na Universidade São Judas e contador com 35 anos de atividade, disse que a falência da Americanas é um cenário possível, mas pouco provável. “A quem interessa essa empresa falir? Antes, há um processo de recuperação judicial com a correção dos balanços e será entendido quem são os credores”, comentou o profissional.
As contas da Americanas são auditadas pela PwC. Procurada pela reportagem, a multinacional relatou que não comenta balanços auditados “por questões de confidencialidade contratual”.