Com os recursos bloqueados pelos bancos, a Americanas (AMER3) admitiu que pode pedir recuperação judicial às pressas nas próximas horas. Atualmente, o caixa da varejista é de R$ 800 milhões, e uma parcela significativa deste montante está indisponível para movimentação nas instituições financeiras. No intradia, os papéis registram queda superior a 27%.
“A administração está trabalhando com a possibilidade de, nos próximos dias ou potencialmente nas próximas horas, aprovar o ajuizamento, em caráter de urgência, de pedido de recuperação judicial“, disse João Guerra, CEO da varejista, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na manhã desta quinta (19).
No posicionamento, Guerra reforçou que “parcela significativa deste valor [R$ 800 milhões] estava injustificadamente indisponível para movimentação” na última quarta (18).
Ontem, o BTG Pactual (BPAC11) conseguiu uma decisão judicial que bloqueou R$ 1,2 bilhão de recursos da varejista que encontram-se no banco. Além disso, o Bradesco (BBDC4) reteve mais de R$ 450 milhões do caixa da companhia.
“A companhia vai recorrer da decisão, que fere seu esforço na busca por uma solução de curto prazo com os seus credores, para manter seu compromisso como geradora de milhares de empregos diretos e indiretos, amplo impacto social, fonte produtora e de estímulo à atividade econômica, além de ser uma relevante pagadora de tributos”, destacou o líder da empresa.
Após a revelação do rombo contábil na Americanas, a empresa conseguiu uma proteção judicial que impedia o vencimento antecipado dos débitos e dava 30 dias para o comando da empresa bater o martelo sobre a possível recuperação judicial. Porém, os bancos credores foram à Justiça questionar o caso, o que culminou nessa reviravolta.
Na semana passada, quando o escândalo contábil da Americanas explodiu, o então CEO Sergio Rial havia dito que a empresa tinha mais de R$ 8 bilhões no caixa.
A empresa também informou ao mercado que Eduardo Flores será o novo membro externo do comitê independente que apura esse rombo bilionário, em substituição a Pedro Mello. O novo integrante da equipe é doutor em Contabilidade pela FEA-USP e atua como professor do Departamento de Contabilidade e Atuária da mesma instituição.
Rombo na Americanas
Na semana passada, a Americanas revelou um rombo contábil de R$ 20 bilhões, o que culminou na saída de Sergio Rial do comando da varejista nove dias após assumir como CEO.
Entre as últimas movimentações da empresa nesta crise, destacam-se a contratação do banco Rothschild & Co para liderar as renegociações de dívidas no Brasil e no exterior, além da contratação de Camille Faria como nova CFO da companhia. A ex-TIM Brasil (TIMS3) já trabalhou em empresas no regime de recuperação fiscal, como a Oi (OIBR3).
Segundo o Status Invest, neste mês, as ações da Americanas desabaram 83,83% na bolsa de valores. Por volta das 10h50, os papéis voltaram a ser leiloados, e as ações registravam queda de 27,59%.