Americanas (AMER3) pede recuperação judicial nos EUA
A Americanas (AMER3) formalizou nesta quarta (25) pedido de recuperação judicial nos EUAconhecido como Chapter 15 – feito quando a empresa solicita a colaboração da Justiça de outro país em seu processo de recuperação. As informações são da agências Reuters.
A varejista brasileira, que entrou com pedido de recuperação judicial no Brasil na última quinta (19), quer aumentar, com essa solicitação de Chapter 15 nos tribunais dos EUA, a proteção para seus ativos fora do país. É como uma extensão dos efeitos do processo judicial da varejista no exterior.
Uma semana após a descoberta do rombo de R$ 20 bilhões em seu balanço contábil, a Americanas apresentou naquele 19 de janeiro o pedido de recuperação judicial com cárter de urgência na 4ª Vara Empresarial Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. As dívidas da empresa somam R$ 43 bilhões – conta que vem sendo refeita desde então – em meio a mais de 16,3 mil credores.
Na petição sobre recuperação judicial da Americanas enviada ao TJ-RJ, a varejista afirma que devido à desvalorização das ações, que registraram quedas superior a 80% desde a divulgação dos R$ 20 bilhões em inconsistências contábeis, junto ao rebaixamento de seus ratings, fizeram com que seus credores financeiros ficassem “em polvorosa”, drenando mais de R$ 3 bilhões do caixa.
“Menos de 6 horas depois da divulgação ao mercado do fato relevante no dia 11 de janeiro, alguns credores, sem qualquer embasamento contratual ou legal, já haviam declarado o vencimento antecipado das obrigações da companhia — alguns assenhorando-se de valores bilionários, fechando as portas para qualquer tipo de negociação amigável viável”, destaca o documento sobre o pedido de recuperação judicial da Americanas.
No final da tarde daquela quinta, a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da Americanas e nomeou quem serão os administradores judiciais.
O juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, deferiu o pedido de recuperação judicial feito pela Americanas.
Foram nomeados como administradores judiciais a Preserva-Ação Administração Judicial e o escritório de advocacia Zveiter.
A varejista obteve o direito de suspensão, por 180 dias, da execução de qualquer dívida.
Mas, em até dois meses, terá de apresentar ao juiz um proposta de recuperação – que deverá, por sua vez, receber o aval dos credores.
Lista de credores e dívida de R$ 27 bi
Nesta quarta, a Americanas (AMER3) entregou à 4º Vara Empresarial do Rio de Janeiro a sua lista de credores como mais uma parte do processo de recuperação judicial. Apenas com bancos, a dívida ultrapassa a casa dos R$ 27 bilhões, segundo a relação apresentada nesta quarta (25).
O Deustche Bank é o maior credor da Americanas, com uma dívida de R$ 5,2 bilhões — US$ 1 bilhão na moeda original. Os débitos com as instituições financeiras nacionais são os seguintes, em valores aproximados:
- Bradesco (BBDC4): R$ 4,8 bilhões;
- Santander Brasil (SANB11): R$ 3,6 bilhões;
- BTG Pactual (BPAC11): R$ 3,5 bilhões;
- BV (Votorantim): R$ 3,3 bilhões;
- Itaú Unibanco (ITUB4): R$ 2,9 bilhões;
- Safra: R$ 2,5 bilhões;
- Banco do Brasil (BBAS3): R$ 1,3 bilhão;
- Daycoval: R$ 509 milhões;
- Caixa Econômica Federal: R$ 501 milhões;
- Banco ABC Brasil: R$ 415,6 milhões;
- BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: R$ 276 milhões
- Banco da Amazônia (BAZA3): R$ 103 milhões;
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, a lista apresentada ainda não deve ser a definitiva e podem haver alterações ao longo dos dias em torno de 20% desses dados, tendo em vista que a companhia não estava preparada para um processo de recuperação judicial e que as informações ainda estão sendo coletadas.
A lista de credores da Americanas também conta com fornecedores de serviços e produtos, como a Ambev (ABEV3) — as duas empresas contam com a participação acionária de Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles, do 3G Capital. Neste caso, a varejista deve R$ 4 milhões para a empresa de bebidas.
No setor da tecnologia, a Americanas precisa pagar R$ 1,2 bilhão para a Samsung, R$ 94 milhões para o Google, R$ 98,6 milhões para a Apple e R$ 11,4 milhões para o Facebook.
No processo de recuperação judicial da Americanas, a equipe jurídica afirmou que a empresa deve para quase oito mil credores a quantia de R$ 41,2 bilhões.
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