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Americanas (AMER3) tem receita em queda, mas apresenta melhor rentabilidade, diz XP

Americanas - Foto: Wikimedia Commons

Americanas. Foto: Wikimedia Commons

Após a Americanas (AMER3) divulgar os resultados referentes aos nove meses de 2023, incluindo uma revisão trimestral a título de comparação com o mesmo período de 2022, a XP Investimentos considera que a empresa registra receita em queda, atribuída às crescentes desconfianças dos consumidores, mas tem melhorias em sua rentabilidade. 

O volume bruto de mercadoria total, conhecido como GMV da Americanas, sofreu uma redução significativa de 51% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse declínio, conforme análise do banco, foi impulsionado pelo desempenho desfavorável no e-commerce, que caiu 77%, refletindo a desconfiança dos consumidores após a fraude bilionária da companhia vir à tona. 

Em contrapartida, o varejo físico mostrou mais resistência, com uma queda de 4%, resultado de negociações favoráveis com fornecedores e uma gestão eficiente do sortimento, avalia a XP.

O SSS (indicador de desempenho utilizado por empresas varejistas) teve um desempenho negativo de – 2,9%, mas ao longo dos trimestres, de acordo com os estrategistas, observou-se uma recuperação sequencial, com SSS no terceiro trimestre do ano passado já alcançando + 3,6%. Essa melhoria é atribuída à otimização do parque de lojas, com o fechamento de 99 lojas não rentáveis.

Para os analistas, o grande destaque do balanço da Americanas foi a rentabilidade, com uma margem bruta 11,1% acima do mesmo período de 2022, atingindo 27,7%. 

Essa melhoria foi impulsionada pela migração de categorias relevantes para o 3P (parceiros terceiros), 65% das vendas contra 51% no 9M22, além de uma estratégia mais racional em precificação e investimentos em marketing no canal digital. 

Adicionalmente, pontua o relatório, a Americanas ajustou seu mix de produtos no varejo físico para fortalecer categorias mais lucrativas.

Em meio a esses resultados, a varejista reportou um prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões, atribuído à forte pressão nas vendas, especialmente no digital, e às maiores despesas financeiras, reconhecidas até a homologação do Plano de Recuperação Judicial da Americanas.

A XP pontua que a Americanas adotou uma abordagem estratégica, dividindo-se em três frentes de trabalho: investigação da fraude, recuperação judicial e transformação. A estratégia mais racional de precificação, diz o banco, é vista como positiva para o cenário competitivo do e-commerce, embora a cautela persista devido à demanda ainda pressionada pelo macro e à competição acirrada no setor.

Americanas tem rombo de 4,6 bilhões de reais 

Registrando uma queda significativa de 77,1% nas vendas pelos canais digitais nos primeiros nove meses de 2023, a Americanas divulgou um prejuízo de R$ 4,61 bilhões nesse período, de acordo com o balanço corporativo revelado na segunda-feira (26).

O prejuízo da empresa, que no ano anterior enfrentou uma fraude bilionária em suas demonstrações financeiras, foi impulsionado por uma redução de 45,1% na receita líquida entre janeiro e setembro de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. Nos três trimestres deste primeiro ano da crise que levou a companhia a ingressar em um processo de recuperação judicial, acumulando uma dívida estimada em R$ 50 bilhões, a receita da empresa totalizou R$ 10,293 bilhões.

O volume bruto de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) vendido nos canais digitais atingiu R$ 4,8 bilhões nos primeiros nove meses, representando apenas 30% de todo o GMV da companhia, que alcançou R$ 16,1 bilhões. Em comparação com o mesmo período de 2022, quando o volume dos canais digitais atingiu R$ 20,9 bilhões, correspondendo a 64% de todas as vendas da Americanas, a queda é notável. Além da insegurança e desconfiança dos consumidores em relação aos canais digitais, a própria empresa destaca que optou por ajustar suas estratégias de negócios buscando maior rentabilidade.

Vale destacar que a Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023, na 4ª Vara Empresarial do Rio. O plano foi aprovado pelos credores da companhia somente em 19 de dezembro, contando com o apoio de mais de 90% dos votantes.

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