Após negar a existência da proposta de capitalização de R$ 10 bilhões, a Americanas (AMER3) confirmou que formalizou o plano em reunião com os credores na segunda (6). Contudo, o martelo ainda não foi batido pelas instituições financeiras, pois parte delas não acredita que esse valor será suficiente para solucionar a crise da varejista.
A informação foi antecipada pelo Valor Econômico e confirmada pela varejista em fato relevante publicado na noite de terça (7) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“A companhia, assessorada pelo Rothschild & Co, apresentou nova proposta, com estrutura similar à anterior, mas tendo um suporte dos acionistas de referência a um aumento de capital em dinheiro, no valor de R$ 10 bilhões de reais (considerando o financiamento DIP já aportado)”, destacou a empresa no comunicado.
Não houve, até o momento, acordo com relação à proposta apresentada. A companhia espera continuar mantendo discussões construtivas com seus credores em busca de uma solução sustentada que permita a continuidade de suas atividades.
De acordo com as fontes do Valor, “não teve uma conclusão, mas houve uma evolução nas discussões”. Até o momento, não há um consenso entre os bancos sobre qual deve ser o valor mínimo da injeção de capital na Americanas. De acordo com a reportagem, uma nova rodada de reuniões ainda não foi marcada, mas a expectativa é de que elas ocorram até a próxima semana.
Para os bancos, a capitalização é o ponto de partida para as negociações sobre a crise na Americanas. Internamente, já é dado como certo que, ao final do processo, as instituições financeiras serão acionistas relevantes da companhia.
Crise na Americanas
A proposta anterior dos acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira era de R$ 7 bilhões, o que foi visto como “péssimo e frustrante” pelas instituições financeiras.
Inicialmente, os bancos falavam que o aporte mínimo deveria ser de R$ 15 bilhões. Nas últimas semanas, esse valor caiu para R$ 13 bilhões e, em seguida, foi aos R$ 10 bilhões. Com o aceno neste valor, os bancos enxergam uma evolução nas conversas e uma abertura nas negociações.
Durante o processo de recuperação judicial da Americanas, a Justiça autorizou que a varejista pague de imediato 100% das dívidas trabalhistas e com pequenas e médias empresas (PMEs). Esses débitos são avaliados em R$ 192,4 milhões. As contas estão sendo quitadas com os recursos do financiamento DIP de R$ 1 bilhão feito por Lemann, Telles e Sicupira.
“Nosso esforço é para proteger os que mais contam com a Americanas e que tanto contribuíram e contribuem para nossa força. O pagamento desses credores reforça o nosso compromisso como uma empresa relevante para a economia do país”, afirmou Leonardo Coelho, CEO da Americanas S.A., em comunicado à imprensa.