Recuperação judicial, prisão de ex-CEO e queda de mais de 77% das ações no último ano são alguns dos fatores que fazem parte da história recente da Americanas (AMER3). Apesar deste cenário, os papéis da companhia acumulam uma variação positiva de mais de 44% no último mês — somente na última semana, houve um avanço de 24%.
No último pregão, na segunda-feira (15), os ativos da empresa recuaram 10,14%, a R$ 0,62. No entanto, a alta acumulada ao longo do último mês ainda chama a atenção dos investidores, que querem saber por quais motivos as ações da Americanas estão em alta.
Por que as ações da Americanas estão em alta?
De acordo com Andressa Bergamo, especialista em mercado de capitais e sócia-fundadora da AVG Capital, os investidores seguem acompanhando os desdobramentos do plano de recuperação judicial da Americanas.
“Um dos principais motivos [para a alta das ações] é a expectativa de que a empresa Americanas possa sair da recuperação judicial, o que gera otimismo entre os investidores”, explica a especialista.
Na semana passada, a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a proposta de reestruturação societária da companhia, que faz parte do plano de recuperação judicial da varejista. O órgão antitruste ainda avalia, no entanto, se existem problemas concorrenciais no negócio desenhado para a recuperação da varejista.
A operação aprovada consiste na aquisição de participações societárias minoritárias (sem aquisição de controle) na Americanas por bancos credores, como Bradesco, Santander Brasil, Itaú Unibanco, Safra e BTG Pactual. Além disso, o texto prevê ainda a aquisição de controle da empresa pelos acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.
“A aprovação de um aumento de capital e a possibilidade de um acordo com credores também têm contribuído para a valorização das ações”, avalia Bergamo.
Ainda na última semana, na segunda-feira (8), o Cade aprovou o aumento de capital da Americanas de até R$ 40,7 bilhões. Para que a oferta possa ocorrer, os acionistas de referência, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, se comprometeram a injetar ao menos R$ 12 bilhões.
Com isso, serão emitidas ao menos 9,4 bilhões de novas ações da companhia, considerando o valor mínimo de R$ 12,3 bilhões. Após o aumento de capital, a varejista prevê que o trio de acionistas de referência fique com 49,2% da empresa, enquanto os credores terão 47,6% e os demais acionistas dividirão os 3,2% restantes.
Por fim, a especialista destaca ainda que há um otimismo do mercado em relação às varejistas no segundo semestre deste ano, impulsionado pelas expectativas sobre a Black Friday, o que pode estar contribuindo para a alta dos papéis. ”Existe uma esperança positiva com a Black Friday deste ano, o que pode beneficiar a Americanas e o setor de varejo como um todo”, completa a sócia-fundadora da AVG Capital.