Americanas (AMER3): negociações de delação premiada estão em curso, diz procurador
O procurador do Ministério Público Federal (MPF) José Maria Panoeiro, responsável pela investigação da fraude contábil que levou ao rombo de mais de R$ 20 bilhões da Americanas (AMER3), disse nesta terça-feira (15) que existem negociações em curso para acordos de delação premiada na condução das investigações.
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Em audiência pública da Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga o caso, Panoeiro disse que, no caso da varejista, as apurações mostram possibilidade de delito de ação criminosa, associação criminosa, falsidade ideológica e insider trading.
“Costumo dizer que, em delitos de empresas, a cadeia decisória da companhia normalmente é envolvida”, disse ele aos parlamentares.
Para ele, cargos como os de CEO, diretor presidente, diretor financeiro, diretor de controladoria e de relações com o mercado são exemplos de executivos que, pela sua experiência, teriam conhecimento de uma fraude da magnitude da Americanas.
“Ficam perguntas sobre o conhecimento e participação a acionistas de referência”, afirmou Panoeiro.
Ele disse que, no entanto, as investigações estão em curso e que ainda não houve indiciamentos. “Mais cedo ou mais tarde algumas medidas cautelares devem ser necessárias”, afirmou.
Acrescentou ainda que acredita que o acesso a mensagens que envolvem a diretoria da companhia e o conselho de administração e processos que envolvem bancos têm, até agora, período de tempo limitado. A seu ver, porém, é preciso haver investigações anteriores. “União de B2W com Americanas precisa ser investigada”, disse.
Ele entende que, quando o rombo veio à tona, a companhia já se preparava para trazer as informações ao público. “Já havia um cálculo”, diz. A seu ver, é preciso saber se as práticas datam de antes da fusão das duas empresas.
Em CPI, ex-diretor diz que não foi responsável pela área contábil e financeira da Americanas
Ex-diretor da Americanas, Marcio Cruz prestou depoimento à Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a fraude na companhia. Ele afirmou que, nos 28 anos em que trabalhou na companhia, não foi responsável pela área contábil e financeira da varejista.
Ele disse que vê com estranheza o fato de que o Comitê Independente de Investigação da empresa tenha fornecido, antes da conclusão de seus trabalhos, documentos para que o Conselho de Administração da companhia elaborasse o material apresentado pelo atual CEO da Americanas à CPI.
Afirmando não ter tido acesso aos documentos em questão, o ex-executivo, que compareceu à audiência pública com habeas corpus que garantia o seu silêncio, não respondeu às perguntas dos parlamentares.
“Tenho contribuído para todas as frentes de investigação e autorizo desde já o compartilhamento de meus depoimentos”, afirmou Cruz.
Ele disse ainda que entregou seu aparelho de celular e computador à companhia no momento de sua saída.
Americanas: material apresentado na CPI foi baseado em documentos do Comitê Independente
Após a audiência pública na tarde desta terça-feira (15) na Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI), a varejista reiterou, em nota, que o relatório apresentado na CPI em 13 de junho foi baseado em documentos levantados pelo Comitê de Investigação Independente, além de documentos complementares identificados pela Administração e seus assessores jurídicos.
“O material prévio indica que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas. A companhia reforça que as investigações do Comitê Independente ainda estão em curso. A Americanas segue colaborando com todas as apurações e investigações, tanto pela Comissão de Valores Mobiliários, como outras autoridades e órgãos competentes, como o Ministério Público, a Polícia Federal e a Câmara dos Deputados, sendo a maior interessada no esclarecimento dos fatos”, diz ainda a Americanas.
Nesta terça-feira, em depoimento à CPI, Marcio Cruz, ex-diretor da Americanas, disse que não foi responsável pela área contábil e financeira da varejista. E afirmou “ver com estranheza” o fato de que o Comitê Independente de Investigação tenha fornecido, antes da conclusão de seus trabalhos, documentos para que o conselho de administração da companhia elaborasse o material apresentado pelo atual CEO da Americanas à CPI.
Alegando não ter tido acesso aos documentos em questão, o ex-executivo da Americanas, que compareceu à audiência pública com habeas corpus que garantia o seu silêncio, não respondeu às perguntas dos parlamentares.
Com informações de Estadão Conteúdo