Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles encontram-se na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os acionistas de referência da Americanas (AMER3) estão sendo investigados pela autarquia em meio ao escândalo contábil que culminou no pedido de recuperação judicial da empresa, que declarou ter dívidas de R$ 43 bilhões.
Na quinta (19), a CVM informou ao mercado que criou uma força-tarefa para investigar o rombo na Americanas. Sete processos administrativos estão em curso, e um deles foca nas possíveis responsabilidades que o trio do 3G Capital possa ter no caso.
Este processo está nas mãos da Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM. Segundo a autarquia, a investigação visa “analisar a conduta da companhia, acionistas de referência [Lemann, Sicupira e Telles] e administradores” em relação aos informes feitos ao mercado.
“Após a investigação e apuração de fatos e eventos, caso venham a ser formalmente caracterizados ilícitos e/ou infrações, cada um dos responsáveis poderá ser devidamente responsabilizado com o rigor da lei e na extensão que lhe for aplicável”, destaca a autarquia em comunicado divulgado à imprensa.
O Suno Notícias questionou a Americanas sobre as investigações da CVM, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Recuperação judicial da Americanas
A Americanas formalizou o seu pedido de recuperação judicial na quinta, quando informou ter R$ 43 bilhões em dívidas. A solicitação foi aceita pelo juiz Paulo Assed, da 4º Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
Assim, a empresa tem 180 dias de blindagem, ou seja, as obrigações com os credores da Americanas ficarão suspensas.
“Nesse tempo, a companhia precisa se reorganizar. Existem algumas maneiras de fazer isso: realizando venda de ativos, renegociando dívidas, convertendo dívidas em ações e realizando aumento de capital. Lembrando que isso tem que ser colocado no papel nesse período”, explica Pedro Menin, sócio-fundador da Quantzed.
Entre os próximos passos da recuperação judicial, encontram-se os seguintes prazos:
- 60 dias para apresentação do plano de recuperação judicial;
- 150 dias para convocar uma Assembleia de Credores, que analisarão o plano;
- 180 dias para a aprovação do plano, prazo que pode ser prorrogado por mais 180 dias.
Com o plano aprovado, o comando da Americanas terá a missão de executá-lo até conseguir cumprir todas as obrigações legais.
“O buraco é mais embaixo. A cada dia, está aparecendo uma coisa nova, e acho que ainda vai aparecer muito mais. Quando você faz a investigação, você vai a fundo, aí vamos começar a tentar ver os pontos dessa história, o que cada parte fez”, comenta Fernando Dal-Ri Murcia, diretor de Pesquisas e Projetos da Fipecafi e professor da FEA/USP.
A riqueza foi destruída, a empresa evaporou. O que ela tinha, já não é a mesma coisa.
As ações da Americanas fecharam o pregão de quinta (19) sendo negociadas por R$ 1. Neste mês, os papéis já caíram 89,04%, de acordo com dados do Status Invest.