Prevendo um período conturbado para as empresas varejistas por causa do cenário de inflação alta, o BB Investimentos reduziu em 52,7% o preço-alvo das ações da Americanas (AMER3) para 2022 — o valor caiu de R$ 75,30 para R$ 35,60.
Os especialistas do BB-BI justificam o corte com a premissa de um ciclo de alta de juros e inflação, que prejudicará ainda mais a retomada do consumo das famílias no curto prazo.
“Assim, as perspectivas de curto prazo para os papéis AMER3 são negativas, em nossa visão. Apesar de reconhecermos que a companhia deve entregar um bom desempenho de vendas e ganho de sinergias por ocasião da combinação das operações (física e digital), a pressão inflacionária pode implicar na extensão do ciclo de alta de juros, prejudicando a performance das ações no curto prazo”, escrevem.
As ações da Americanas acumulam queda de 19,1% nos últimos 30 dias. Apesar do bom resultado no balanço do quarto trimestre de 2021, a performance dos papéis vem acompanhando não só os temores vindos do leste europeu, com os conflitos envolvendo Rússia e Ucrânia, e sofreram o impacto da instabilidade que atingiu os servidores da varejista recentemente.
A Americanas, dona da Lojas Americanas e do Submarino, perdeu R$ 250 milhões, segundo estimou a XP Investimentos, em um ataque hacker que afetou seus sistemas em fevereiro. A gigante do e-commerce também teve perdas relevantes em valor de mercado, cerca de R$ 3,5 bilhões.
Os analistas resumem que a revisão no preço-alvo ocorre com a incorporação dos resultados do segundo semestre de 2021, das perspectivas macroeconômicas, do impacto financeiro vindo do ataque cibernético e redução das premissas de crescimento de receita para os próximos anos diante, do acirramento da concorrência e do menor poder de consumo das famílias brasileiras.
Última cotação da Americanas
As ações da Americanas apresentavam alta de 2,15% no pregão desta quarta, às 16h20. A ação estava cotada a R$ 27,51. Contudo, a companhia registrou um dos maiores tombos em 2021, caindo 58,6%.