Americanas (AMER3): Estrago causado por fraude foi de R$ 25,3 bilhões
A fraude contábil ‘inflou’ o resultado da Americanas (AMER3) em R$ 25,3 bilhões. É o que diz a gestão da empresa um dia após admitir que houve indícios de fraude por meio de fato relevante.
Agora, a Americanas comunica que foram R$ 21,7 bilhões provenientes da fraude em contratos artificiais de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (VPC), ante R$ 3,6 bilhões de impacto dos não lançamentos de juros sobre operações financeiras.
Já no caso das cifras do balanço patrimonial da empresa, a gestão vê outros impactos bilionários e com ‘anulação’ entre alguns custos operacionais,
“Contrapartidas contábeis dos contratos de VPC artificialmente criados e lançamento incorreto dos juros sobre operações financeiras mencionados acima, ambos contabilizados na forma de lançamentos redutores da conta de fornecedores, totalizando os saldos de R$17,7 bilhões e R$3,6 bilhões, respectivamente”, diz o comunicado da varejista.
Por outro lado, a contratação de operações de financiamento de compras (risco sacado, forfait ou confirming) de R$18,4 bilhões e de capital de giro de R$2,2 bilhões, ambas foram inadequadamente contabilizadas.
“Em relação ao impacto na rubrica de fornecedores, os efeitos praticamente se anularam, resultando numa redução líquida de apenas R$0,7 bilhão em 30 de setembro de 2022”, observa a varejista.
Com a fraude e minoração de custos, ao fim de setembro de 2022 a dívida da Americanas estava R$ 20,6 bilhões menor do que deveria, segundo os cálculos internos.
“Os entendimentos acima, preliminares e sujeitos a alterações, foram oriundos dos resultados dos trabalhos de refazimento das demonstrações financeiras históricas da Companhia e do Relatório apresentado por seus Assessores”, destaca a empresa.
Nova lista de credores
Além deste comunicado, nesta quarta (14) a Americanas também atualizou sua lista de credores. Você pode ler o documento de 586 páginas aqui.
Dentre os bancos, destaca-se a dívida de R$ 4,9 bilhões ao Bradesco (BBDC4) e R$ 3,5 bilhões devidos ao BTG Pactual (BPAC11).
Além disso, são R$ 1,5 bilhões devidos ao Banco do Brasil (BBAS3) e R$ 3,5 bilhões devidos ao Santander (SANB11).
Entenda a admissão de fraude da Americanas
A Americanas, em fato relevante na véspera, destacou que suas investigações internas apontaram que houve fraude por parte da diretoria.
O relato é fruto de um parecer elaborado por assessores jurídicos da Americanas, no âmbito de seus procedimentos que foram iniciados após a descoberta de um rombo contábil no início deste ano.
Além da fraude, os antigos diretores teria feito esforços para ocultar os atos das autoridades e do Conselho de Administração da empresa.
O relatório indica participação na fraude da Americanas do ex-CEO Miguel Gutierrez e de outros seis diretores e executivos da companhia.
Vale destacar que Gutierrez foi desligado no fim de 2022 e os outros diretores já foram afastados.
A orientação dada pelo Conselho de Administração foi de que a Americanas deve ‘apresentar o relatório às autoridades competentes’ e avaliar quais medidas tomar para ressarcir os danos causados pela fraude nos balanços contábeis.