A Americanas (AMER3), em fato relevante, destacou que suas investigações internas apontaram que houve fraude por parte da diretoria. Após a divulgação das novas informações, os papéis da varejista sobem mais de 8%.
O relato é fruto de um parecer elaborado por assessores jurídicos da Americanas, no âmbito de seus procedimentos que foram iniciados após a descoberta de um rombo contábil no início deste ano.
Além da fraude, os antigos diretores teria feito esforços para ocultar os atos das autoridades e do Conselho de Administração da empresa.
Os assessores jurídicos identificaram o modus operandi da diretoria.
Segundo comunicado pela varejista, foram identificados contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (VPC) que foram criados de forma artificial. Com isso, os contratos teriam inflado o resultado operacional da empresa.
Os contratos de VPC representam cerca de R$ 21,7 bilhões até setembro de 2022. Já a contrapartidas dos contratos, que são redutores de custos, representam uma cifra de R$ 17,7 bilhões nos balanços contábeis – os R$ 4 bilhões de diferença se devem aos lançamentos em outras contas do ativo da Americanas.
“A indevida contabilização dessas operações de financiamento nos demonstrativos financeiros da Americanas não permitiu a correta determinação do grau de endividamento da companhia ao longo do tempo”, diz a Americanas.
Além disso foram identificados lançamentos redutores da conta de fornecedores oriundos de juros sobre operações financeiras. Essa operação teve impacto de R$ 3,6 bilhões até setembro de 2022.
Participação do CEO e diretores da Americanas
O relatório indica participação na fraude da Americanas do ex-CEO Miguel Gutierrez e de outros seis diretores e executivos da companhia.
Vale destacar que Gutierrez foi desligado no fim de 2022 e os outros diretores já foram afastados.
“Os ajustes contábeis, derivados dos fenômenos, são preliminares, não auditados e ainda estão sujeitos a alterações. Os ajustes contábeis definitivos estarão refletidos nos demonstrativos financeiros históricos auditados que serão reapresentados assim que os trabalhos estiverem concluídos”, diz o fato relevante da Americanas.
“Da mesma forma, o efeito desses ajustes nos resultados da companhia ao longo do tempo ainda está sendo apurado, mas a expectativa da administração é de que o impacto nos resultados mais recentes seja significativo”, segue.
A orientação dada pelo Conselho de Administração foi de que a Americanas deve ‘apresentar o relatório às autoridades competentes’ e avaliar quais medidas tomar para ressarcir os danos causados pela fraude nos balanços contábeis.