Falência da Americanas (AMER3)? Dois pontos da recuperação judicial podem ser decisivos para esse cenário, diz especialista

Com uma dívida de R$ 43 bilhões, a Americanas (AMER3) pode falir? Segundo o advogado Carlos Portugal Gouvêa, caso a recuperação judicial da varejista seja bastante prolongada e ocorra uma dificuldade de aprovação do plano de recuperação judicial, esse cenário torna-se possível.

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“Existe o que chamamos de convolação e falência em razão de não ter um plano de recuperação judicial viável aprovado pelos credores, [quando o processo] é convertido em falência”, detalha o sócio-fundador da PGLaw, escritório focado em Governança Corporativa, em entrevista ao Suno Notícias.

Segundo a legislação brasileira, o juízo deve chamar a assembleia de credores para aprovar o plano de recuperação judicial da Americanas em 150 dias após o início do processo. “Por experiência, a gente sabe que as recuperações judiciais demoram cinco anos ou mais”, recorda.

Contudo, segundo o especialista, a Americanas não é uma empresa geradora de caixa natural. Ou seja, ela precisa de fornecedores para conseguir manter sua operação em pé.

“Na Americanas, ela pode ter um problema de crédito muito rápido que faça com que ela se torne inoperável, e as dívidas, na verdade, vão ficar se avolumando”, projeta o professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

A recuperação judicial estanca as dívidas do passado, mas, para seguir em funcionamento, a varejista precisará contrair novas dívidas com o intuito de renovar o estoque. “Basta os fornecedores virarem para a Americanas e dizerem: ‘Eu vendo para você, mas só se for à vista’”, comenta Gouvêa ao mostrar um possível caminho para a falência da Americanas.

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No cenário hipotético em que a concorrente do Magazine Luiza (MGLU3) não tem dinheiro na mão para pagar os fornecedores nem crédito com os bancos, a falência torna-se uma alternativa possível.

“Ela vai gastar o estoque, não tem mais produtos para vender, o que vai sobrar? A marca. E a marca começa a perder o valor enquanto mais tempo passa. O amor, a reputação que as pessoas têm pela marca se desfaz. E aí ela vira algo como Mabe ou a Mesbla, que tem a marca, mas não mais valor efetivo”, explica.

Então, existe um risco muito grande de a gente ter planos que não serão aprovados. A empresa praticamente não tem ativos para serem vendidos. O tempo vai passando, ela vai perdendo seu crédito e reputação, aí não existe mais plano de recuperação viável.

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Crise na Americanas

A recuperação judicial da Americanas é a quarta maior da história do Brasil. Até o momento, o maior caso de débitos empresariais levados à Justiça desta forma foi o da antiga Odebrecht, atual Novonor, com dívidas de R$ 80 bilhões.

Além do processo na Justiça brasileira, o escândalo contábil da varejista também será analisado nos tribunais norte-americanos.

Os principais credores da Americanas são os bancos:

  • Deustche Bank, com R$ 5,2 bilhões;
  • Bradesco (BBDC4), com R$ 4,8 bilhões;
  • Santander Brasil (SANB11), com R$ 3,6 bilhões;
  • BTG Pactual (BPAC11), com R$ 3,5 bilhões.

Enquanto a recuperação judicial da Americanas é analisada, as instituições financeiras partiram para a guerra contra a varejista e buscam formas de receber o dinheiro e chegar aos acionistas de referência do negócio, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.

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Erick Matheus Nery

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