Americanas (AMER3) e Dasa (DASA3) querem levantar bilhões com CRIs; entenda
A Americanas (AMER3) e a Dasa (DASA3) preparam uma oferta de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) de R$ 1 bilhão cada, segundo informações reveladas pelo site Brazil Journal.
O instrumento visado pela Americanas destinará recursos destinados para o pagamento ou reembolso de aluguéis e trata-se de uma modalidade recentemente aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O CRI mais tradicional é diferente, sendo um ativo com recursos utilizados para compra e venda de imóveis.
Isso só ocorre porque a CVM decidiu flexibilizar esse instrumento ainda no início de 2022, permitindo que os CRIs fossem utilizados para aluguéis, expandindo o leque de ativos securitizados.
Porém, trata-se de um título que gerará caixa para a empresa mas não terá o montante necessariamente destinado, em sua totalidade, ao pagamento de aluguéis, já que não existe uma obrigação legal para isso.
A CVM, todavia, exige que a empresa registre os contratos de locação na matrícula do imóvel para evitar fraudes com o dinheiro dos CRIs, além de fazer uma comprovação semestral do pagamento dos aluguéis que estão atrelados aos certificados.
Ou seja, na prática o CRI da Americanas poderá funcionar como uma debênture, mas com melhores benefícios fiscais – já que o CRI tem isenção fiscal para o investidor pessoa física, ao passo que a debênture não possui essa vantagem.
Segundo as informações do Brazil Journal, o CRI da Dasa terá duas séries
- Primeira: 7 anos de prazo e com o título NTN-B 2028 +0,35% ao ano como referência
- Segunda : 10 anos de prazo, com o título NTN-B 2030 + 0,45% ao ano como referência
A Americanas, por sua vez, fará um único CRI, com 10 anos de prazo e levando como referência o NTN-B 32 + 0,30% ao ano.
O NTN-B, vale lembrar, é o nome técnico para as Notas do Tesouro Nacional, também conhecidas como Tesouro IPCA – ativo de renda fixa que visa uma remuneração baseada na variação da inflação somada a uma porcentagem.
CRIs para aluguéis são novidade, mas já foram utilizados
Esse tipo de operação, de emissão de CRIs visando pagamento de aluguéis, já foi feito por outras companhias listadas em bolsa anteriormente, após a flexibilização da CVM.
A Rede D’Or (RDOR3), por exemplo, fez o mesmo movimento em meados de maio, visando captar R$ 1,2 bilhão para bancar seus aluguéis de hospitais, além de expandir suas unidades.
No caso da companhia de saúde, foram duas tranches na emissão de CRIs – uma com remuneração baseada no CDI e outra com base no IPCA, sendo a segunda como a da Americanas e da Dasa.
À época, a CVM já analisava cerca de 15 operações de certificados de recebíveis.
Americanas pode enfrentar problemas com imóveis
No caso da varejista, ainda há dúvidas sobre como cumprir as exigência da CVM, dado que são cerca de 3,5 mil lojas no total. Assim, o custo operacional para cumprir a exigência de registro por matrícula.
Além disso, lojas de shopping da Americanas não possuem matrículas separadas, e sim uma unificada para todas as unidades, conforme as obrigações legais.