A Americanas (AMER3) contratou o banco Rothschild & Co para assumir a renegociação das suas dívidas bilionárias. Nesta segunda (16), a varejista afirmou que a instituição financeira comandará as negociações dos débitos no Brasil e no exterior.
“A Americanas reforça seu compromisso na busca de uma solução de curto prazo com os seus credores. Todos os órgãos sociais (conselho, diretoria e comitês) estão trabalhando conjuntamente com o objetivo de manter as operações da companhia de forma adequada”, disse a companhia no comunicado publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta tarde.
Essa ação ocorre após a varejista conseguir uma proteção judicial que impede credores de anteciparem a cobrança das dívidas da empresa. As “inconsistências contábeis” da Americanas, avaliadas inicialmente em R$ 20 bilhões, podem levar ao vencimento antecipado de R$ 40 bilhões em dívidas. Por isso, a empresa foi à Justiça pedir essa proteção, aceita pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Contudo, a decisão desagradou algumas instituições financeiras, como o BTG Pactual (BPAC11). O banco de investimentos questionou judicialmente o caso e classificou o pedido da varejista da seguinte forma: “É o fraudador pedindo às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude”.
O desembargador Luiz Roldão de Freitas Gomes Filho, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), rejeitou o pedido para avaliar o caso no plantão judiciário.
Procurada pelo Suno Notícias, a Americanas ressaltou que está trabalhando para solucionar o problema e que, assim que descobriu as inconsistências contábeis, divulgou o caso e se comprometeu a resolvê-lo.
“A Americanas passa a ter a Rothschild & Co no Brasil e internacionalmente, representando a empresa na construção de um diálogo franco e aberto, preservando o peso que a empresa tem, tanto com sua função social, como na participação da economia do país”, destacou a empresa em nota enviada à reportagem.
BTG ataca Lemann e acionistas da Americanas
Na solicitação negada pela Justiça, os advogados do BTG atacaram os acionistas de referência da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira (3G Capital).
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, o time jurídico do banco recorda a trajetória do “trio por trás do controle da empresa” e diz que a Americanas tentou tirar R$ 800 milhões em investimentos na instituição financeira horas antes de publicar o fato relevante que apontava um rombo de R$ 20 bilhões, o que seria um ato de má-fé da varejista.
“O objetivo era simplesmente concluir a fraude sem exposição dos verdadeiros atores por trás do fracasso. O escândalo da Americanas não se trata de um rombo recente, mas construído ano a ano há mais de década, tudo parte de um plano engendrado para lucrar às custas de todo o mercado financeiro e sair ileso, com bens blindados no exterior”, afirma a defesa do banco, feita pelos escritórios Galdino&Coelho Pimenta Takemi Ayoub e FCDG Ferro, Castro Neves, Daltro & Gomide.