Americanas (AMER3) perde mais de 6 milhões de clientes em oito meses

Americanas (AMER3), que está em recuperação judicial, fechou o oitavo mês do ano com 42,9 milhões de clientes ativos, queda de 13%, segundo o relatório divulgado pelo administrador judicial do processo de recuperação da empresa.

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A retração do número de clientes vem sendo constante desde os 49,1 milhões registrados em dezembro de 2022, último mês antes da revelação de um rombo no balanço da empresa.

Segundo o documento, de janeiro até agosto deste ano, foram quase 800 mil clientes perdidos por mês.

As vendas digitais da Americanas vêm sendo as principais responsáveis pelas dificuldades comerciais da empresa. No período em questão, elas caíram 91%, passando de R$ 1,24 bilhão de receita bruta de dezembro para R$ 112 milhões em agosto.

Em comparação com o mesmo intervalo do ano anterior, a receita bruta caiu 85%. Em agosto de 2020, por exemplo, o indicador ficou em R$ 746,7 milhões. Já a receita total da Americanas caiu quase metade, de R$ 3,13 bilhões em dezembro de 2022 para R$ 1,33 bilhão em agosto de 2023 – de ano a ano, a queda foi de 26%, frente ao R$ 1,8 bilhão de agosto de 2022.

A perda menor ocorreu porque, ao contrário da queda livre das vendas online, a receita bruta em lojas físicas da Americanas conseguiu certa recuperação nos últimos meses. Em dezembro, ela foi contabilizada em R$ 1,88 bilhão e depois das revelações da fraude, caiu para seu ponto mais baixo em fevereiro (R$ 944 milhões), mas subiu desde então. Em agosto, chegou a R$ 1,05 bilhão.

De acordo com a Americanas, a empresa permanece focada no seu processo de recuperação judicial e no plano de transformação para garantir a rentabilidade e a sustentabilidade de suas operações.

“A melhor gestão do espaço em loja ou o fechamento de unidades fazem parte do plano de reestruturação em diferentes frentes do negócio, que inclui ainda a reavaliação de mix de produtos, cobertura de estoque adequada à demanda local, entre outras iniciativas com foco em otimização e na melhora da margem praticada para a construção de uma Americanas mais dinâmica e eficiente”, informou a varejista.

Proposta apresentada aos credores: Americanas (AMER3) quer aumento de capital de R$ 12 bilhões

A Americanas apresentou uma proposta aos seus credores. A varejista fez uma nova reunião com bancos no último dia 10 e manteve a capitalização de R$ 12 bilhões da dívida da empresa, segundo informações divulgadas em fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A varejista deu detalhes sobre seus planos, que incluem emissão de nova dívida e um aumento de capital de R$ 12 bilhões – DIP (“debtor-in-possession”, na sigla em inglês) já aportado e comunicado pela Americanas.

Além disso, os planos da companhia também contemplam uma capitalização de dívida concursal por parte dos credores, com R$ 8,7 bilhões em dinheiro dedicados à recompra antecipada de dívida concursal com desconto.

“A proposta continua ainda a contar com a previsão de pagamento integral das Classes I e IV e alternativas de pagamento diferenciada para nossos fornecedores, substancialmente nos termos publicados na versão do Plano de Recuperação Judicial protocolado com o juízo da Recuperação Judicial em 20 de março de 2023″, diz o fato relevante da companhia.

A Americanas ainda afirma que a proposta continua a contar com a previsão de pagamento integral das Classes I e IV e alternativas de pagamento diferenciada aos fornecedores.

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Americanas: formato da capitalização

O formato da capitalização da Americanas, porém, mudou. Antes, a Americanas propunha um aporte de R$ 10 bilhões por parte do trio de acionistas de referência, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, além de uma possível capitalização de R$ 2 bilhões no futuro, a depender do desempenho financeiro da companhia. Pela proposta feita hoje, esses R$ 2 bilhões também serão aportados no curto prazo, sem condicionantes.

Coluna do Broadcast mostrou em abril que os bancos demandavam que esses R$ 2 bilhões futuros fossem aportados na companhia de imediato, justamente por entender que isso amplia a perspectiva de recuperação dos créditos.

Os R$ 12 bilhões incluem ainda R$ 2 bilhões de um empréstimo debtor-in-possession (feito a empresas em recuperação judicial, e que dá prioridade de recebimento ao credor) realizado pelo trio. Desse montante, a Americanas já recorreu a duas tranches – uma de R$ 1 bilhão e outra de R$ 500 milhões – para manter as operações em funcionamento enquanto o acordo não acontece.

Segundo a Americanas, a negociação também inclui alternativas de pagamento diferenciado para fornecedores, nos termos do plano de recuperação judicial enviado à Justiça no dia 20 de março.

“A Companhia segue empenhada nas negociações destes termos com seus credores financeiros, em busca de uma solução sustentada que permita a continuidade de suas atividades”, diz a diretora financeira e de relações com investidores, Camille Loyo Faria, no fato relevante à CVM.

A Americanas entrou em recuperação judicial na Justiça do Rio com dívidas de R$ 43 bilhões, após informar uma fraude contábil da ordem de R$ 20 bilhões.

Americanas suspende processo de prospecção para venda da fatia no Grupo Uni.co

A varejista informou no início do mês que suspendeu, neste momento, o processo formal de market sounding, iniciado em maio, para prospecção de interessados na aquisição da participação da companhia no Grupo Uni.co, tendo em vista que as condições comerciais propostas não refletem o real valor do ativo.

Em comunicado ao mercado, a Americanas informa ainda que se reserva o direito de responder a potenciais interessados e engajar em conversas que busquem condições mais atrativas que as indicadas e irá avaliar a possibilidade de retomar o processo organizado de market sounding em momento oportuno.

Com informações de Estadão Conteúdo

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Giovanni Porfírio Jacomino

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