A Justiça do Estado de São Paulo determinou nesta quinta (26) a busca e apreensão de e-mails de diretores e membros do conselho de administração da Americanas (AMER3) dos últimos 10 anos. A medida foi uma resposta a uma solicitação feita pelo Bradesco (BBDC4), um dos maiores credores da varejista.
A juíza Andréa Galhardo Palma, da 2ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à arbitragem da Justiça de São Paulo, disse que a decisão vale também para funcionários da contabilidade e finanças da varejista.
A juíza decidiu autorizar a busca e apreensão dos e-mails dos diretores da Americanas para evitar o sumiço de provas. O Bradesco tem a receber em créditos da Americanas cerca de R$ 4,8 bilhões.
Ao Suno Notícias, a Americanas informou que “aguardará ser notificada formalmente da decisão para adotar as providências cabíveis.”
A Americanas, que no último dia 11, divulgou a descoberta de um rombo contábil de R$ 20 bi, entrou em recuperação judicial na quinta (19), com dívidas de R$ 41,2 bilhões.
A juíza escreveu em seu despacho que é necessária a “produção antecipada de provas para que seja garantido a um dos maiores credores da ré Americanas, com o objetivo de esclarecer a origem dos vícios observados na contabilidade e, sobretudo, verificar a participação de administradores e acionistas da ré (por ação ou omissão) na alegada fraude contábil,”
E acrescenta: “Diante da magnitude do fato e potencial responsabilização individual dos agentes envolvidos nas fraudes suspeitas, é razoável supor que provas relevantes e necessárias para verificar a ocorrência de fatos ilícitos correm risco de perecimento. ”.
E complementa: “Considerando os indícios significativos de fraude contábil, exaustivamente noticiados na mídia nacional, o banco autor sustenta que é necessário identificar e demandar os agentes individuais que contribuíram para a consumação da fraude: os administradores, que participaram da elaboração das demonstrações financeiras adulteradas e os acionistas, que aprovaram referidos documentos financeiros.”
Comitê independente da Americanas se revolta com Bradesco
Nesta quinta-feira (26), o comitê independente da Americanas que investiga o rombo contábil se revoltou com as críticas do Bradesco, que havia questionado a independência dos integrantes dessa equipe. Hoje, a varejista argumentou que as reclamações do banco são “levianas e improcedentes”.
A troca de farpas começou na Justiça sendo revelada pelo jornal Valor Econômico na última quarta (25). Em uma petição protocolada no Tribunal de Justiça de São Paulo, o time jurídico do Bradesco disse que o comitê “de independente, mesmo, não tem absolutamente nada”.
Para o banco, dois dos três membros dessa equipe “guardam interesse, em maior ou menor grau, com o desfecho da investigação” que pode apontar a existência ou não de fraude contábil na Americanas.