Em guerra, Americanas (AMER3) diz que BTG Pactual participou e tem culpa no rombo de R$ 20 bilhões; banco chama acusação de “inconcebível”
Em um novo capítulo da guerra entre Americanas (AMER3) e BTG Pactual (BPAC11), a varejista disse na Justiça que o banco participou e teve culpa no rombo de R$ 20 bilhões. De acordo com informações divulgadas nesta quarta (1º), a instituição financeira teria contribuído com as inconsistências contábeis da empresa de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Ao Suno Notícias, o banco de André Esteves classificou as acusações como “inconcebíveis”.
Segundo os documentos obtidos pelo jornal O Estado de São Paulo, a Americanas disse ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que “o BTG também teve participação nos atos que culminaram no cenário periclitante atual. Aliás, não apenas participação, mas conivência e culpa”.
O time jurídico da varejista sustenta essa tese com base no seguinte argumento: em 2021, a auditoria PwC encaminhou uma “carta de circularização” ao BTG na qual havia solicitado não apenas os ativos da Americanas disponíveis no banco, como também “todo e qualquer passivo, incluindo-se eventuais empréstimos bancários e garantias”.
Ou seja, o BTG, segundo os advogados da Americanas, precisaria ter enviado também as dívidas da empresa à auditoria. “No entanto, em sua resposta à carta de circularização da PwC, o BTG não informou qualquer passivo”, escreveu a Americanas.
Por isso, os advogados da Americanas enxergam que o banco tomou essa atitude “possivelmente por considerar tal operação de ‘risco sacado’ como sendo meramente comercial e não uma dívida financeira”.
O BTG, na verdade, indicou somente ativos do Grupo Americanas, contribuindo para as inconsistências contábeis.
Procurado pelo Suno Notícias, o BTG Pactual classificou as acusações como levianas “criações de narrativas”. Confira o posicionamento na íntegra:
Como já esclarecido por outros bancos, a elaboração e aprovação de demonstrações financeiras que espelhem a realidade da companhia são responsabilidade única, exclusiva e não transferível da própria companhia e sua administração, incluindo sua diretoria e seu conselho de administração.
O BTG Pactual sempre tratou as suas operações com a Americanas de forma transparente, tanto que os saldos das operações foram regularmente reportados para o Sistema Central de Risco, mantido pelo Banco Central. Tais informações são plenamente acessíveis pela empresa devedora e terceiros autorizados por ela.
É completamente inconcebível alegar que o BTG Pactual iria compactuar com prática que poderia comprometer a sua exposição junto à companhia. A leviana criação de narrativas no intuito de atribuir aos Bancos qualquer tipo de responsabilidade neste lamentável episódio tem por objetivo desviar a atenção do problema central.
O BTG Pactual tem a firme convicção da correção de suas práticas e não se furtará a fazer valer todos os seus direitos.
Por fim, cumpre lembrar, que passadas três semanas desde o reconhecimento – pela própria Americanas – de práticas irregulares, nenhuma atitude efetiva foi tomada no sentido de sanar os problemas, capitalizar a Companhia ou atuar de maneira construtiva na recuperação da empresa e preservação de empregos e fornecedores.
Americanas vai conseguir sobreviver?
Enquanto a recuperação judicial da Americanas segue em andamento, a varejista estuda realizar um empréstimo-ponte para empresas com problemas, ferramenta conhecida como DIP.
O crédito seria em torno de US$ 2 bilhões, sendo que metade teria que ser aportada pelos acionistas de referência da empresa. Essa negociação foi antecipada pelo Estadão e confirmada pela varejista em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na terça (31).
“O Financiamento DIP visa ajudar a companhia a manter o curso normal de seus negócios e reforçar sua liquidez. Caso aprovado, o Financiamento DIP, em conjunto com outras fontes de liquidez sendo exploradas pela Companhia, incluindo a liberação de valores retidos por determinados credores, permitirá manter os investimentos em capital de giro e financiar obrigações não concursais, incluindo pagamento a fornecedores e parceiros”, disse a Americanas no comunicado, quando afirmou que o valor mínimo do empréstimo será de R$ 1 bilhão.