Em um novo capítulo da novela sobre o rombo bilionário da Americanas (AMER3), o BTG Pactual (BPAC11) conseguiu uma liminar que bloqueia R$ 1,2 bilhão de recursos da varejista que estão na instituição financeira. A decisão foi tomada nesta quarta (18) para proteger o banco de um eventual calote. O Bradesco (BBDC4) também reteve parte considerável do caixa da varejista: R$ 450 milhões.
A medida dos bancos deve acelerar o pedido de recuperação judicial da Americanas, previsto para os próximos dias. Desde a divulgação do rombo de R$ 20 bilhões, o caixa da Americanas (AMER3) pode ter passado de R$ 7,8 bi para R$ 800 milhões.
“Considerando, deste modo, a existência de cláusula de compensação — sem limite de prazo de denúncia — e o perigo real e concreto de irreversibilidade da medida ante o passivo de mais de R$ 20 bilhões, defiro a liminar”, argumenta o Flávio Horta Fernandes, relator do caso sobre o BTG, na decisão obtida pela coluna Capital, do jornal O Globo.
Com essa decisão, as ações da Americanas voltaram a cair no fechamento desta quarta (18): fecharam em queda de 8,42%, cotadas a R$ 1,74, uma semana após a varejista divulgar o rombo de R$ 20 bilhões em suas contas. Naquela quarta (11), os papéis da Americanas encerraram o pregão negociados a R$ 12,
O magistrado Fernandes determinou hoje que os recursos da Americanas fiquem bloqueados na conta do BTG Pactual até que haja uma apreciação mais aprofundada sobre o caso.
No fim de semana, o banco de André Esteves havia feito este pedido na Justiça, mas ele tinha sido negado pelo plantão judicial.
O crédito total dado pelo BTG para a Americanas foi de R$ 1,9 bilhão. Em uma das peças jurídicas, a instituição financeira partiu para o ataque e chegou a colocar os acionistas de referência da varejista (Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira) na posição de responsáveis por arcar com o rombo contábil estimado em R$ 20 bilhões.
O Bradesco (BBDC4) também reteve uma cifra do caixa da Americanas, no total de R$ 450 milhões, anunciou a varejista nesta quinta.
O Suno Notícias entrou em contato com a Americanas e o BTG Pactual sobre o caso, mas não obteve retorno ate a atualização desta reportagem.
A varejista divulgou nota sobre o bloqueio do BTG: “A Americanas informa que a atitude unilateral de compensação dos credores contra o caixa da companhia prejudica sua viabilidade. Somente o Banco Bradesco (BBDC4) reteve mais de R$ 450 milhões do caixa, agindo em desconformidade com a decisão da tutela antecipada. A Americanas é uma varejista centenária, que presta um serviço amplo à população e tem um compromisso social forte de levar produtos acessíveis aos seus 53 milhões de clientes. A companhia segue na busca por uma solução de curto prazo com os seus credores, para manter seu compromisso como geradora de milhares de empregos diretos e indiretos, amplo impacto social, fonte produtora e de estímulo à atividade econômica, além de ser uma relevante pagadora de tributos. A Americanas espera que os credores também se comprometam na busca de soluções.”
Americanas: guerra contra bancos
Além do embate com o BTG, outras instituições financeiras também levaram o caso à Justiça. Segundo O Globo, o Goldman Sachs pediu para que a proteção de 30 dias dada à varejista seja revertida.
O banco internacional diz que tem direito a pedir o vencimento antecipado dos seus “contratos de derivativos”, sendo que a volatilidade no valor da exposição pode ser estimada em até US$ 60 milhões (R$ 307 milhões) em duas semanas e, aproximadamente, US$ 80 milhões (R$ 407 milhões) em 30 dias.
Atualmente em vigor, a proteção judicial na Americanas impede o vencimento antecipado das dívidas da companhia. Nesta semana, a varejista atrasou o pagamento dos juros de uma das suas debêntures e utilizou essa decisão como argumento para o débito ficar em aberto.
Rombo na Americanas
Na semana passada, a Americanas revelou um rombo contábil de R$ 20 bilhões, o que culminou na saída de Sergio Rial do comando da varejista nove dias após assumir como CEO.
O caso foi parar na Justiça, e a empresa recebeu uma proteção judicial que, por 30 dias, impede o vencimento antecipado das dívidas do negócio.
Uma das movimentações da concorrente do Magazine Luiza (MGLU3) foi a contratação do banco Rothschild & Co para assumir a renegociação das dívidas bilionárias no Brasil e no exterior.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, o pedido de recuperação judicial da Americanas deverá ser divulgado nos próximos dias.