O comitê independente que investiga o rombo contábil na Americanas (AMER3) se revoltou com as críticas do Bradesco (BBDC4), que havia questionado a independência dos integrantes dessa equipe. Nesta quinta (26), a varejista argumentou que as reclamações do banco são “levianas e improcedentes”.
A troca de farpas começou na Justiça e foi revelada pelo jornal Valor Econômico na última quarta (25). Em uma petição protocolada no Tribunal de Justiça de São Paulo, o time jurídico do Bradesco disse que o comitê “de independente, mesmo, não tem absolutamente nada”.
Para o banco, dois dos três membros dessa equipe “guardam interesse, em maior ou menor grau, com o desfecho da investigação” que pode apontar a existência ou não de fraude contábil na Americanas.
As críticas do Bradesco recaem sobre Otávio Yazbek, coordenador do comitê e ex-assessor jurídico da B2W, e Vanessa Claro Lopes, integrante do comitê independente, do comitê interno de auditoria da varejista e do conselho de administração da empresa do 3G Capital.
No comunicado enviado à imprensa, a gestão da Americanas ressaltou que o comitê “está comprometido com a apuração imparcial dos fatos e que os trabalhos de investigação já se encontram em andamento”.
No caso de Yazbek, a varejista disse que ele “se limitou a exercer a função de advogado de um comitê independente na fusão da Americanas com a B2W”. Sobre Vanessa, a empresa defendeu que não existe nada que coloque a credibilidade da profissional em xeque.
Além disso, as investigações sobre o escândalo contábil da Americanas feitas pelo comitê são assessoradas pela auditoria EY e pelo escritório de advocacia Maeda, Ayres & Sarubbi.
Veja o posicionamento da Americanas na íntegra:
O Comitê Independente esclarece que foi constituído com o objetivo de apurar com absoluta autonomia e isenção os fatos reportados pela Americanas S.A. no dia 11 de janeiro de 2023. Os membros que o compõem atuarão de forma independente e contarão com a assessoria do escritório Maeda, Ayres & Sarubbi e da empresa EY, respeitados especialistas em compliance e em contabilidade forense e investigações, respectivamente.
As acusações contra membros do Comitê são levianas e improcedentes. Esclarece-se que o coordenador Sr. Otavio Yazbek se limitou a exercer a função de advogado de um comitê independente na fusão da Americanas com a B2W com o objetivo de assegurar uma relação de troca adequada e a proteção dos interesses de acionistas minoritários desta empresa.
A Sra. Vanessa Lopes também sempre atuou de forma ética e independente nos órgãos de governança que integrou desde 2020, nada havendo a comprometer sua isenção. Por fim, o terceiro membro do Comitê Independente, o Sr. Eduardo Flores, não apenas dispõe dos atributos técnicos que o qualificam para integrar o referido comitê, como também nunca teve sua independência questionada.
O Comitê Independente reitera que está comprometido com a apuração imparcial dos fatos e que os trabalhos de investigação já se encontram em andamento.
Recuperação judicial da Americanas
A Americanas protocolou o seu pedido de recuperação judicial na semana passada, quando informou à Justiça que possui dívidas de R$ 43 bilhões.
Essa recuperação judicial é a quarta maior da história do Brasil. Até o momento, o maior caso de débitos empresariais levados à Justiça desta forma foi o da antiga Odebrecht, atual Novonor, com dívidas de R$ 80 bilhões.
Na quarta (25), a Americanas também formalizou o seu pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.
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