Americanas (AMER3): bancos credores aceitam adiar dívidas

Os bancos credores da Americanas (AMER3) concordaram em rolar a dívida da companhia. A decisão vem a partir de esforços das instituições financeiras para evitar que a companhia quebre e gere efeito cascata tanto no sistema financeiro quanto no varejo. No entanto, a condição de que a empresa realize uma capitalização rapidamente foi instituída. A operação deve se dar por meio da emissão de ações, em uma oferta de bilhões de reais.

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Na visão do mercado financeiro, a exposição das instituições à companhia no futuro pode cair, com os bancos endurecendo condições para financiar a varejista à frente, diante da crise de confiança gerada pela descoberta de inconsistências contábeis de pelo menos de R$ 20 bilhões.

Fontes a par da negociação ouvidas pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, afirmaram que as instituições financeiras concordaram em rolar a dívida da Americanas. Os bancos foram consultados ao longo dos últimos dias sobre possibilidade.

Segundo o Broadcast, um diretor de um banco teria dito que a instituição “deu um respiro” à Americanas. Outro banqueiro teria comentado que a “sinalização positiva” está atrelada à “capitalização rápida de alguns bilhões”.

Segundo esse banqueiro, a 3G Capital, gestora que reúne o trio de sócios da Americanas, vai ter de participar para a oferta de ações sair. Os acionistas de referência da Americanas detêm 31,13% da companhia. São eles: Jorge Paulo Lemann – o homem mais rico do Brasil –, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles.

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A Americanas é cliente de praticamente todos os grandes bancos, segundo operadores do setor. Por isso, não seria interessante deixá-la à míngua. Entretanto, executivos consideram que as condições de financiamento ficarão mais duras adiante, com instituições cobrando mais para assumir um risco também maior.

Isso se refletiu na sexta-feira (13) no mercado secundário de títulos de dívida da companhia, com um salto nas taxas cobradas e um tombo no valor de face.

No balanço divulgado em setembro de 2022, a Americanas informou dívida bruta de R$ 19,3 bilhões, sendo que R$ 17,1 bilhões eram de longo prazo, ou seja, com vencimento em prazos acima de um ano. Desse total, R$ 15,6 bilhões estavam em empréstimos e financiamentos, segundo a companhia. O restante estava em debêntures.

Já o ex-presidente da varejista, Sergio Rial, disse em um vídeo divulgado após a saída da companhia que a dívida bruta é de R$ 30 bilhões a R$ 35 bilhões, após crescer em 2022, sobretudo no terceiro e quarto trimestres.

“Um dos grandes riscos nesse momento seria a interrupção da linha dos bancos para o financiamento dos fornecedores, sobretudo agora que as vendas estão crescendo”, disse Rial.

Nas primeiras duas semanas do ano, as vendas da Americanas tiveram uma alta acima de 17%. “Espero que os bancos tenham postura de equilíbrio e permitam obviamente a gestão atual de encontrar um caminho que funcione para todos”, afirmou.

Bancos teriam impacto pequeno em caso de prejuízo com a Americanas

Analistas do setor financeiro disseram acreditar que o impacto de um possível prejuízo com a Americanas seria pequeno para cada instituição. Sem revelar nomes, os bancos informam a exposição que possuem a seus maiores devedores, e, na visão de profissionais, os dados mostram que o abalo seria contido.

O analista Marcelo Telles, do Credit Suisse (C1SU34), consultou as exposições das instituições a seus maiores devedores. Na média do setor, o crédito a cada grupo econômico representa cerca de R$ 1,9 bilhão – ou 1,6% do capital do setor. O banco estima que a Americanas tenha a 26ª. maior dívida entre as empresas brasileiras.

Na sexta-feira (13), o Bradesco BBI calculou que os bancos mais expostos a varejistas são o Santander Brasil (SANB11) e o BTG Pactual (BPAC11), com cerca de 7% da carteira total de crédito, seguidos por Itaú (ITUB4) e ABC Brasil (ABCB4), com 3%, e Banrisul (BRSR6) e Banco do Brasil (BBAS3), com 2% cada.

Cotação da Americanas

Na sexta-feira, as ações da Americanas fecharam a sessão em alta de 15,8%, negociadas a R$ 3,15.

Com Estadão Conteúdo

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Beatriz Boyadjian

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