A Americanas (AMER3) anunciou nesta quarta (30) quando pretende divulgar o primeiro balanço trimestral após o escândalo contábil informado pela empresa em janeiro. A data marcada para a empresa detalhar seu desempenho operacional será o próximo dia 31 de outubro. O resultado a ser publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), informa a varejista, será referente ao quatro trimestre de 2022, o 4T22.
A divulgação do balanço da Americanas do ultimo trimestre de 2022 foi adiada ao menos três vezes (em março, maio e agosto) desde que empresa comunicou ao mercado, em janeiro deste ano, que descobriu um rombo contábil de mais de R$ 20 bilhões. Também em janeiro, a varejista entrou em recuperação judicial, com dívidas de mais que podem chegar a quase R$ 50 bi.
No comunicado ao mercado a Americanas informa que divulgará balanços de 2021 retificados: “A auditoria das demonstrações financeiras do exercício findo em 31 de dezembro de 2022, assim como a das demonstrações financeiras a serem reapresentadas do exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2021 (“DFs 21”), estão em andamento”.
Já os resultados do 1T23 e 2T23 da Americanas, segundo a varejista, não têm data definida de publicação – assim como o do 3T23. A empresa assinala que há uma estimativa para anunciar os balanços de 2023: até o final deste ano. “A preparação e a revisão das informações trimestrais – ITR da companhia dos períodos findos em 31 de março de 2023 (1T23) e 30 de junho de 2023 (2T23) estão sujeitas à conclusão dos trabalhos relativos às DFs 22 e DFs 21. A melhor estimativa da companhia, neste momento, é de divulgar tais informações, assim como o trimestre encerrado em 30 de setembro de 2023 (“3º ITR/23”), até 29 de dezembro de 2023″, detalha a empresa.
A Americanas conclui no Fato Relevante desta quarta: “A companhia informa que segue trabalhando junto aos credores na construção da versão definitiva de seu plano de recuperação judicial, apresentado em 20 de março de 2023 e ainda sujeito a revisões e ajustes. Nesse sentido, a divulgação das DFs 22 e DFs 21 representa um dos passos essenciais para a conclusão desse processo.”
Ex-diretores e executivos da varejista vêm depondo na CPI das Americanas, que apura o rombo bilionário da empresa.
CPI caminha para o fim sem ouvir trio de acionistas, diz jornal
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a fraude contábil na Americanas (AMER3) tende a encerrar seus trabalhos até o dia 14 de setembro e, provavelmente, sem ouvir o trio de acionistas majoritários da varejista, Jorge Paulo Lemann, Alberto Sicupira e Marcel Telles, segundo fontes informaram ao jornal Valor Econômico.
Segundo a publicação, o deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), chegou a anunciar uma reunião para aprovar a prorrogação dos trabalhos da CPI por 15 dias, o que não ocorreu.
Parte dos deputados defende adiar o fim dos trabalhos por dois meses, e a sugestão de Chiodini e do vice-presidente da CPI, deputado Alberto Mourão (MDB-SP), é prorrogar por 15 dias para dar tempo de fazer as oitivas finais e elaborar um parecer. Entretanto, diz o Valor, os parlamentares foram alertados de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não quer prorrogar o funcionamento de nenhuma das CPIs.
Na terça-feira (29), a Comissão tentou colher os depoimentos de dois ex-diretores, mas esbarrou novamente na permissão dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que ficassem calados com o intuito de não produzirem provas contra si mesmos.
Ainda de acordo com o Valor, o grande debate na comissão, neste momento, é se o trio de acionistas de referência da Americanas será convocado ou não. Os deputados Tarcísio Motta (Psol-RJ), João Carlos Bacelar (PL-BA) e Vicentinho Júnior (PP-TO) cobraram que o presidente da CPI, deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE) paute o requerimento para ouvi-los, que voltou a dizer que não há decisão sobre o assunto.
Americanas demitiu mais de 9 mil funcionários em oito meses
A Americanas informou ao mercado que desligou 1.448 funcionários na semana entre os dias 14 e 20 de agosto, de acordo com um documento divulgado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Desde o escândalo de rombo contábil de R$ 20 bilhões e a recuperação judicial em janeiro, a varejista contabiliza mais de 9 mil demissões.
Na semana em questão, a varejista também informou 2 desligamentos na ST Importações, incluindo os desligamentos voluntários, isto é, por iniciativa do funcionário. Até o último domingo (20), a varejista tinha 33.948 colaboradores.
“O quadro de funcionários da Americanas é sazonal por natureza, variando conforme oscilações do mercado de varejo e com picos nas épocas de datas comemorativas, como Páscoa, Black Friday e Natal. O número absoluto de desligamentos permanece em linha com os períodos anteriores à decretação da recuperação judicial”, informou a Americanas.
Entre os dias 14 e 20 de agosto, a varejista efetuou R$ 370 milhões em pagamentos e somou R$ 432 milhões em recebimentos.
Além disso, a Americanas informou que o número total de lojas somava 1.806 até o último dia 20 de agosto, correspondente a 96% do período anterior ao deferimento da recuperação judicial. “Houve o encerramento de três lojas durante a semana base deste relatório, representando 0,16% do total de lojas ativas”, disse.
Em nota enviada ao Suno Notícias, a Americanas informou que realizou o desligamento de colaboradores da Americanas diante da reestruturação de algumas frentes de negócio em seu plano de transformação.
“A Americanas continua focada na manutenção de suas operações e no aumento de sua eficiência e reforça seu comprometimento com a transparência na relação com os sindicatos e o cumprimento integral e tempestivo de suas obrigações trabalhistas, na forma da legislação vigente”, destacou.