A Americanas (AMER3), que está em recuperação judicial, apresentou uma proposta aos seus credores. A varejista fez uma nova reunião com bancos nesta terça-feira, 10, e manteve a capitalização de R$ 12 bilhões da dívida da empresa, segundo informações divulgadas em fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na tarde de hoje.
Nesta terça-feira (10) a varejista deu detalhes sobre seus planos, que incluem emissão de nova dívida e um aumento de capital de R$ 12 bilhões – DIP (“debtor-in-possession”, na sigla em inglês) já aportado e comunicado pela Americanas.
Além disso, os planos da companhia também contemplam uma capitalização de dívida concursal por parte dos credores, com R$ 8,7 bilhões em dinheiro dedicados à recompra antecipada de dívida concursal com desconto.
“A proposta continua ainda a contar com a previsão de pagamento integral das Classes I e IV e alternativas de pagamento diferenciada para nossos fornecedores, substancialmente nos termos publicados na versão do Plano de Recuperação Judicial protocolado com o juízo da Recuperação Judicial em 20 de março de 2023″, diz o fato relevante da companhia.
A Americanas ainda afirma que a proposta continua a contar com a previsão de pagamento integral das Classes I e IV e alternativas de pagamento diferenciada aos fornecedores.
Americanas: formato da capitalização
O formato da capitalização da Americanas, porém, mudou. Antes, a Americanas propunha um aporte de R$ 10 bilhões por parte do trio de acionistas de referência, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, além de uma possível capitalização de R$ 2 bilhões no futuro, a depender do desempenho financeiro da companhia. Pela proposta feita hoje, esses R$ 2 bilhões também serão aportados no curto prazo, sem condicionantes.
A Coluna do Broadcast mostrou em abril que os bancos demandavam que esses R$ 2 bilhões futuros fossem aportados na companhia de imediato, justamente por entender que isso amplia a perspectiva de recuperação dos créditos.
Os R$ 12 bilhões incluem ainda R$ 2 bilhões de um empréstimo debtor-in-possession (feito a empresas em recuperação judicial, e que dá prioridade de recebimento ao credor) realizado pelo trio. Desse montante, a Americanas já recorreu a duas tranches – uma de R$ 1 bilhão e outra de R$ 500 milhões – para manter as operações em funcionamento enquanto o acordo não acontece.
Segundo a Americanas, a negociação também inclui alternativas de pagamento diferenciado para fornecedores, nos termos do plano de recuperação judicial enviado à Justiça no dia 20 de março.
“A Companhia segue empenhada nas negociações destes termos com seus credores financeiros, em busca de uma solução sustentada que permita a continuidade de suas atividades”, diz a diretora financeira e de relações com investidores, Camille Loyo Faria, no fato relevante à CVM.
A Americanas entrou em recuperação judicial na Justiça do Rio com dívidas de R$ 43 bilhões, após informar uma fraude contábil da ordem de R$ 20 bilhões.
Americanas suspende processo de prospecção para venda da fatia no Grupo Uni.co
A varejista informou na última terça (3), que suspendeu, neste momento, o processo formal de market sounding, iniciado em maio, para prospecção de interessados na aquisição da participação da companhia no Grupo Uni.co, tendo em vista que as condições comerciais propostas não refletem o real valor do ativo.
A notícia repercutiu no mercado – negativamente. As ações da Americanas recuaram 2,6%, a R$ 0,75, ao contrário das varejistas, que tiveram um dia de alta.
Em comunicado ao mercado, a Americanas informa ainda que se reserva o direito de responder a potenciais interessados e engajar em conversas que busquem condições mais atrativas que as indicadas e irá avaliar a possibilidade de retomar o processo organizado de market sounding em momento oportuno.