O conselho de administração da Americanas (AMER3) anunciou nesta sexta-feira (3) a destituição da diretoria estatutária durante as apurações envolvendo o rombo bilionário. Desta forma, foram afastados Anna Saicali, que estava à frente da Ame Digital, Timotheo Barros, diretor de lojas físicas, logística e tecnologia, e Marcio Cruz, diretor de Digital, Consumo e Marketing.
Segundo o fato relevante, “as medidas foram implementadas com o objetivo de garantir a integridade da preservação de informações e documentos da companhia”. Além dos diretores citados, foram afastados da Americanas os executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.
Apesar do afastamento dos diretores da Americanas, outros nomes fortes da companhia permanecem em suas posições. Entre ele, Camille Loyo Faria, recém-contratada como diretora financeira de relações com investidores, que assina o fato relevante de hoje, e João Guerra atual presidente-executivo.
Americanas deve ter investigação ampliada
O comitê independente instalado para investigar o escândalo da Americanas pode levar mais tempo do que o planejado inicialmente para finalizar seus trabalhos. De acordo com informações divulgadas nesta sexta (3), existem fortes indícios de que houve uma fraude contábil na varejista.
“Não restam muitas dúvidas sobre a ocorrência de fraude“, decretou uma fonte ouvida pela Coluna do Broadcast, do jornal O Estado de São Paulo.
De acordo com os interlocutores, as indicações apontam que as inconsistências contábeis avaliadas em R$ 20 bilhões eram praticadas “entre sete e oito anos”.
Assim, deve ser necessário mais tempo para aprofundar as apurações, verificar se não foram praticadas fraudes de outras naturezas e checar o grau de envolvimento da administração da varejista. Dessa forma, existe a possibilidade de que os trabalhos se arrastem por vários meses.
Recuperação judicial
A recuperação judicial da Americanas tem mais dívidas do que a própria companhia imaginava. Segundo informações divulgadas na quarta (1º), um pente fino nas contas da varejista identificou R$ 6,6 bilhões a mais em débitos. Assim, o valor total do rombo saltou de R$ 41,2 bilhões para R$ 47,9 bilhões.
Além disso, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) colocou os e-mails da varejista sob sigilo e autorizou o compartilhamento dessas informações com a CVM. A Justiça havia determinado o recolhimento das conversas digitais do alto escalão da companhia após um pedido do Bradesco (BBDC4).
Enquanto as inconsistências contábeis da Americanas são atualizadas, a empresa protagoniza uma intensa guerra judicial contra os bancos. No último capítulo deste embate, a varejista acusou o BTG Pactual (BPAC11) de participação e culpa no rombo bilionário.