A Associação Brasileira de Investidores (Abradin), que representa minoritários, fez um pedido para que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apure as responsabilidades no caso do buraco contábil da Americanas (AMER3), da ordem de R$ 20 bilhões.
A associação está trabalhando com auditores próprios e vê “indícios de desvio de caixa”, que seriam acobertados por irregularidades contábeis.
“Fizemos uma denúncia na CVM pedindo para apurar as informações relativas ao buraco contábil [da Americanas] para que com base nos dados apurados possamos fazer uma denúncia mais concreta. Ainda não entramos com ação, pois seria aventureiro e açodado”, diz o advogado Marco Aurélio Valporto, presidente da associação, que tem sede no Rio.
De acordo com Valporto, a associação tem auditores trabalhando em paralelo às investigações oficiais. “Estamos usando uma auditoria nossa, com técnicos nossos, para chegar às nossas conclusões”, afirmou, para completar: “Há evidências de que havia desvio de caixa não apenas erros contábeis. Estes serviriam para acobertar aqueles. “Já encontramos indícios sérios desse tipo de prática.”
Para o advogado, não há dúvida de que houve erro da auditoria PwC, embora não esteja claro se houve dolo. “Ninguém sabe o que está acontecendo. O que sabemos é que há uma fraude. A fraude aumentou de R$ 20 bilhões para 40 bilhões. Não sabemos como correu. Precisamos de mais detalhes para apontar mais corretamente a culpa e eventualmente o dolo.”
Canal de denúncias
A CVM, em seu site, destacou que está recebendo denúncias e informações relacionadas ao caso, que podem ser enviadas via SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão).
A autarquia também recebe informações por meio de delação anônima (acordo administrativo em processo de supervisão). A CVM tem um comitê dedicado ao assunto. Ao receber proposta de acordo de supervisão, vai sortear um membro para atuar como coordenador do processo. O acordo poderá evitar que o colaborador sofra sanção caso a infração seja apresentada antes que o órgão regulador tome conhecimento dela. Caso a autarquia já tivesse conhecimento, a redução pode ser de um a dois terços.
Se o acordo não for fechado, os documentos relacionados serão descartados ou devolvidos e as informações não poderão ser utilizadas. Assim, a CVM não poderá punir o colaborador, embora ainda possa abrir processo.
Ações da Americanas
As ações da Americanas fecharam esta terça-feira (17) em queda de 2,06%, cotadas a R$ 1,90.
(Com informações do Estadão Conteúdo)