Em novo relatório sobre a Ambev (ABEV3), a XP se debruça sobre os dados de produção de bebidas no Brasil em dezembro para atualizar suas estimativas sobre a empresa. Os analistas veem um crescimento anual tímido para a indústria, e com isso mantêm cautela para 2025.
A produção de bebidas alcoólicas no Brasil em dezembro foi 2,4% superior às projeções da XP, enquanto a das bebidas não alcoólicas ficou 1,4% acima das estimativas da casa. Contudo, os analistas afirmam que esse desempenho não é suficiente para afastar as preocupações sobre o desempenho da Ambev no quarto trimestre de 2024, especialmente no segmento de cervejas.
Segundo o relatório, uma análise de regressão sugere riscos de queda para a estimativa de volume de Cerveja Brasil, projetado em 25.918 mil hectolitros, representando uma retração de 1,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Além disso, de acordo com os analistas, o crescimento anual de apenas 1% na produção de bebidas alcoólicas em 2024 reforça a percepção de um setor em maturação, com perspectivas mais moderadas de expansão.
Diante disso, a XP mantém uma visão cautelosa para os volumes da Ambev em 2025, destacando dois fatores de pressão:
- O impacto da inflação sobre a renda dos consumidores;
- A consequente redução na acessibilidade às bebidas, especialmente cervejas.
Esses fatores, diz a XP, são exacerbados pelo cenário competitivo, com a Heineken se preparando para inaugurar uma nova cervejaria de 5 milhões de hectolitros em 2025, enquanto o Grupo Petrópolis busca aumentar seus volumes para melhorar a eficiência operacional.
Nesse contexto, o poder de precificação da Ambev será determinante para os resultados ao longo do ano. A casa entende que a empresa precisará equilibrar o aumento dos preços com a preservação da demanda, um desafio significativo diante da concorrência mais acirrada e do cenário macroeconômico.
Portanto, a XP reitera recomendação neutra para as ações da Ambev, com preço-alvo de R$ 12,10, afirmando que a projeção de lucro por ação de casa para 2025 está 9% abaixo do consenso do mercado, e as ações ABEV3 são negociadas a um múltiplo de 11,8 vezes o preço/lucro estimado, o que limita o potencial de valorização no curto prazo.
Por volta das 14h desta quinta-feira (06), a Ambev operava em alta de 0,55% no Ibovespa, com as ações ABEV3 cotadas a R$ 10,88.